quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

MANIF

Manif, manif. ou manife

Por Lúcia Vaz Pedro

Apesar de a palavra "manif" ser contemplada na maior parte dos dicionários, urge ter em atenção alguns aspetos.
Em primeiro lugar, na linguagem jornalística, e uma vez que não são aconselháveis as abreviaturas nem o itálico, é aceitável que a palavra seja grafada desse modo.
Em segundo lugar, os dicionários grafam, primeiramente, o estrangeirismo que é utilizado em português; em seguida, regra geral, essas palavras são adaptadas às regras da nossa língua.
É o que acontece, por exemplo, com as palavras clube (s) ou chique (s), em que se acrescentou um -e no final da palavra (paragoge).
Ora, numa altura em que Portugal deve assumir-se em todos os sentidos e em que a língua portuguesa está em crescimento, seria importante repensarmos o uso de alguns estrangeirismos.
Assim, por exemplo, quando se escreve manif ou manifs, forma de origem francesa, estamos a negligenciar o valor da nossa língua, uma vez que, em português, não temos o singular terminado em -f nem o plural terminado em -fs. A terminação em consoante só acontece no singular de palavras terminadas em -l, -r, -s e -z (jornal, mar, lápis, rapaz). Em posição final, as outras consoantes só ocorrem ou em onomatopeias e interjeições (uf!) ou em estrangeirismos (self, rap, spot), devendo ser assinalados em itálico ou entre aspas.
No caso de manif dever-se-ia, pois, seguir essa regra, isto é, acrescentar um -e final ou -es, no caso do plural: manife, manifes. Nestes casos, estamos perante uma redução da palavra "manifestação", tal como acontece em "profe", "profes". Este processo tende a ocorrer em palavras muito longas e, em particular, em compostos greco-latinos, de que são exemplo nefrologia, pornografia ou fotografia.
No entanto, há sempre a possibilidade de se escrever "manif.", com um ponto no final da palavra, pois trata-se de uma abreviatura.
As regras das abreviaturas serão abordadas na próxima semana. 
[Fonte: www.jn.pt]
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