terça-feira, 8 de novembro de 2011

Cabo Verde produz e edita “em abundância”, mas há fraco consumo nacional


CABO VERDE

Cabo Verde produz e edita “em abundância”, mas há fraco consumo nacional

“O cabo-verdiano consume mais o que vem de fora. Existe um pouco de preconceito com o que é feito no país. Porém, penso que tudo isso é culpa do Ministério da Educação".
Da Redação, com agência
 
Praia – A edição de livros em Cabo Verde tem sido “pujante”, garante o presidente da Sociedade Cabo-verdiana de Autores (SOCA), Daniel Spínola, que explicou o facto com a existência de muitos escritores e editoras no arquipélago, noticia a Inforpress.

Segundo Daniel Spínola, produzem-se muitos títulos no domínio de poesia, ficção, crónicas e investigação, apesar de os leitores cabo-verdiano consumirem pouco o que se faz em termos literários no país.

“O cabo-verdiano consume mais o que vem de fora. Existe um pouco de preconceito com o que é feito no país. Porém, penso que tudo isso é culpa do Ministério da Educação, que não possui uma política clara no que se refere ao currículo escolar”, disse, assegurado que não existe um critério transparente na escolha de obras de autores a nível educativo.

Para o presidente da SOCA, falta algum trabalho para incentivar os jovens à leitura, particularmente de escritores nacionais, para que adquiram conhecimento e façam um bom exercício intelectual.

Actualmente, salienta, a modernidade é o telemóvel ou o playstation, deixando o espaço para leitura e conhecimento mental vazio, o que irá depois reflectir no percurso intelectual dos jovens.

Um outro problema que afecta a edição, de acordo com Daniel Spínola, é a distribuição das edições, uma vez que a maior parte da produção no arquipélago fica apenas no país e não é divulgado no exterior.

A SOCA, assim como outras instituições, explicou Daniel Spínola, tem produzido algum material literário, mas a falta de orçamento tem condicionado a promoção e divulgação de alguns trabalhos.

A lei de mecenato poderá ajudar a melhorar esse estado de coisas, admitiu o escritor, ciente de que a mesma ainda não esta bem interiorizada, pois as empresas não têm sabido geri-la já que actuam mais pelo lado do amiguismo do que pela importância do projecto na vida cultural e nacional.

“Existem empresas que poderiam ser grandes mecenas, mas acabam sempre por seguir para um tipo de patrocínio que favorece os seus amigos e pouco transparente”, disse.

No que se refere à actuação da Associação de Escritores de Cabo Verde (AEC), reconheceu a “apatia” existente do momento, mas garante que tem sido feito algumas edições em ocasiões especiais.

O grande projecto em carteira, revelou, é a criação de uma Academia de Letras e de um fundo social para ajudar os associados com problemas.

Para que as coisas voltem a funcionar, a AEC, assim como a SOCA, esta à espera da publicação de alguns regulamentos por parte do Ministério da Cultura, que irá ajudar a Sociedade a cobrar as quotas e direitos.

Sem comentários:

Enviar um comentário