terça-feira, 15 de novembro de 2011

O Contributo de António Gil à Sociolinguística galega


O Contributo de António Gil à Sociolinguística galega
Ângelo Cristóvão
Associação de Amizade Galiza-Portugal
Comunicação apresentada ao Colóquio Anual da Lusofonia 2004 da Câmara Municipal de Bragança. 21-22-23 Outubro 2004

1. O homem
O professor António Gil Hernández nasceu em Valladolid em 1941. Vindo para a Galiza em 1968, o seu interesse pela língua da Galiza foi originado na Faculdade de Filologia da Universidade de Santiago, onde se licenciou em Filologia em 1973, com os professores cujas obras, poucos anos mais tarde, seriam objeto dos seus estudos. Tendo ministrado aulas na Escola Unversitária da Corunha durante três anos, na altura regressou ao liceu Salvador de Madariaga, onde continua a ministrar aulas.
O que faz especial a obra de António Gil nos últimos 25 anos é a intensa tarefa intelectual em prol da sociolinguística galega. Esta atividade, brilhante e contínua, só é explicável, numa pessoa de origem castelhana e no contexto sociopolítico da Galiza, pelo seu compromisso ético e pela defesa da verdade antes de qualquer outra consideração. O resultado deste labor, desenvolvido em congressos, seminários, encontros, revistas e em diversas associações culturais, fica patenteado nos mais de cinquenta artigos e um livro publicados.
O personagem e a sua obra representam, em grande medida, o arquétipo do inteletual que combina o compromisso da análise rigorosa da realidade, participando na questione della lingua da Galiza - visando a superação da desigualdade existente entre o português (língua nacional) e o castelhano (língua favorecida pelo estado)- com a intervenção social, fazendo parte dos movimentos associativos e culturais da Galiza desde a mudança de regime político espanhol em 1978 - contudo, sempre afastado das atividades políticas partidaristas.
Um aspecto muito relevante da sua personalidade é a sua disposição generosa para fazer parte de projectos, pessoais e coletivos que, na realidade, se deviam total ou maioritariamente à intervenção, tendo relegado, no entanto, o seu nome para o último lugar ou mesmo mesmo mantendo-o oculto. Assim aconteceu em diversos artigos e comunicações como a “Tese reintegracionista” dos Encontros Labaca (1984), primeira formulação completa da tese que, anos depois, seria assumida genericamente como posicionamento comum a todos os grupos reintegracionistas; “Questionário de História Contemporânea”, comunicação assinada por diversas pessoas e apresentada no Seminário O uso das línguas na perspectiva da Europa Comunitária (Ourense, 1993), organizado pela AGAL; Fogo Cruzado, livro coletivo publicado pela AGAL, ou o estudo "A Catástrofe, relato breve de Eça de Queirós", em colaboração com Yolanda Aldrei e Ângelo Brea, em que apresenta a situação que o Eça imaginou para Portugal como válida para perceber a situação da nação galega, resumível na frase: "Já que não há pátria, há família".
De ampla formação linguística, os seus artigos têm sido recebidos, mesmo entre os seus correligionários, com uma mistura de admiração pela qualidade e contrição pela exigência da leitura. O estilo da sua redacção tem sido qualificado como barroco, podendo acrescentar também a qualidade de preciso e exacto. São estas auto-exigências que o levam a utilizar com profusão recursos estilísticos que tornam a leitura mais exigente e, por vezes, mais demorada. Cursivas, aspas, sublinhados, parênteses, além de múltiplas orações subordinadas, fazem parte do seu nível de exigência que, não sendo exclusiva dele, acha nos seus textos a máxima expressão. Contudo pode afirmar-se que a exigência na correcção escrita é também uma característica de outros autores da chamada «geração da lusofonia» galega. Todavia, a escolha deste estilo tem-lhe acarretado algumas críticas dos leitores menos atentos ou pouco interessados. Em geral, os seus artigos não estão endereçados ao grande público, não são divulgativos mas vão endereçados a um público selecto, ao leitor de revistas especializadas de linguística, sociolinguística e literatura.
Gil é, com muita diferença, o mais importante investigador no âmbito da sociolinguística galega e, pela quantidade e profundidade das suas análises, comparável só com outros esclarecidos colegas, como o seu amigo Lluís V. Aracil, de quem se considera discípulo. Esta afirmação fica demonstrada pelo grande número de alunos, hoje professores ou simples amadores desta disciplina, que têm sido aliciados pela leitura dos artigos do professor corunhês, se têm interessado através da relação epistolar ou com longas conversas em diversos encontros. A sua obra e a sua dedicação pessoal constituem um modelo e referente indispensáveis.
Para além da sua obra sociolinguística, Gil é autor de diversas obras literárias no âmbito da poesia, como Baralha de sonhos (1984), livro humorístico de denúncia, com argumentos linguísticos (e até ortográficos), a fazer parte de uma anunciada trilogia (inacabada) e Luzes e espírito (1990), livro de poemas existencialista não isento de caráter épico, endereçado ao falecido poeta Eusébio (à Galiza, realmente), em que o país é sujeito da acção histórica, passada, presente e futura.

2. A obra
Analisar a obra de António Gil implica mais de uma dificuldade. A primeira é a necessidade de conhecer e estudar a sua extensa bibliografia, nem sempre de fácil acesso. Em segundo lugar, avaliar a sua obra implica em grande medida um posicionamento em relação com as propostas que Gil tem publicado respeito da situação e futuro da língua da Galiza, e desta em relação com o português
Escrever sobre sociolinguística galega implica referir-se a autores e publicações que têm sido excluídos dos âmbitos institucionais e mesmo académicos. Este facto evidencia uma distância que é, pelo menos, de ordem inteletual. Dificilmente pode afirmar-se existir alguma sociolinguística amparada nos âmbitos do poder oficial da Galiza autonómica, para além de algum inquérito quantitativo e algum outro texto anedótico e folclórico. O âmbito extra-oficial é aquele no que se insere plenamente a obra de António Gil e de quase todos os outros investigadores galegos. O caso que nos ocupa é, em grande medida, o de um outsider.
Começando pelos conceitos, faremos patente a concepção giliana sobre o objetivo a conseguir pela sociolinguística como disciplina científica, e o modelo proposto sobre a função da atividade investigadora e científica. Primeiro, numa carta endereçada aos sociolinguistas catalães Toni Mollà e Carles Palanca (a propósito do seu Curs de Sociolinguística, vol I, 1987). Trata-se do artigo “A língua como facto social (duas missivas)” concretamente da segunda delas diz:
«É possível a elaboração académica, quer dizer, institucional, de uma sociolinguística imparcialmente libertadora?» (pág. 204) A esta pergunta dá várias respostas concatenadas, da que saliento: «Destarte, acho que com justeza cumpre duvidarmos da existência de alguma sociolinguística que caiba considerarmos “oficial”, nem sequer em Catalunha». Continua na seguinte página:
«Na realidade o discurso (ou multidiscurso) teórico-prático para a normalização das comunidades linguísticas “desequilibradas” diverge profundamente do discurso académico supostamente correlativo e reconhecido pola oficialidade constituída, justamente porque questiona primo et per se o estado de cousas estabelecido e, criticando-o desde a raiz, tenta consciente e conscienciosamente mudá-lo para uma situação de liberdade e igualdade certas».
Este trecho serve como exemplo para compreender a diferença que medeia entre a sociolinguística galega e outros modelos onde uma língua nacional é utilizada com normalidade, dedicado os esforços às diferenças regionais ou a quaisquer usos linguísticos diferenciadores entre as diferentes camadas da população. Um claro exemplo deste último tipo são, em Portugal, os trabalhos de Marinus Pires de Lima. A sociolinguística giliana -e, por extensão, a lusófona da Galiza- tenciona entender a situação anormal em que se acha o português e fornecer instrumentos para corrigir essa situação, concretizados num discurso sobre a língua capaz de devolver a Galiza à normalidade, o que implica, em primeiro lugar, aplicar às falas galegas a mesma concepção da língua de que se têm dotado as declaradamente nacionais - contudo, adatando-as parcialmente ao nosso caso. Reiteradas vezes Gil tem utilizado o exemplo das falas andaluzas em relação com o castelhano, ou mesmo os dialetos flamengos em relação com o neerlandês.
O segundo exemplo é o da comunicação “O correlacionamento diglóssico é condição de normalidade”, intervenção na Mesa Redonda sobre “A unidade da língua e as Literaturas Lusófonas: para quê?” nas XII Jornadas do Ensino da Galiza e Portugal (Ourense, 30 de Agosto de 1988):
«Em particular, considero que na Galiza não seria nem honesto nem decente fazer ciencismo puro e incontaminado nem, menos ainda, elaborar simples textos eruditos, como se, para entender o estado de cousas sociolinguístico e glotopolítico, bastasse com editar com pulcritude crónicas medievais ou executar com precisão inquéritos dialectosos.
Talvez esses sejam tarefas convenientes e necessárias até; mas, a meu ver, nem são primeiras nem indispensáveis. Há outras tarefas imediatas e urgentíssimas a verificarmos, como é a de descobrir e patentear as inflexões do discurso dominante, investigar e teorizar os processos que possibilitem e verifiquem a organização da Comunidade Cultural Galega".

A obra giliana no âmbito da sociolinguística pode classificar-se em quatro grandes temas ou linhas de análise a) Teorização, fundamentos e história da sociolinguística; b) Análise do discurso «oficial» sobre a língua na Galiza e sobre as normas de correcção idiomática existentes; c) Análise do ordenamento jurídico relativo à língua; d) Língua e nacionalismo galego. História das «concórdias normativas» e das organizações normalizadoras; e) Análise de textos literários. Estudaremos brevemente os dois primeiros temas.

2.1. Teorização, fundamentos e história da sociolinguística
A análise do discurso castelhanista para o galego é a parte mais conhecida da obra giliana mas não é, a nosso entender, a mais significativa. Maior atenção deveria prestar-se aos seus intentos de produzir um modelo teórico -ou, quando menos, dos alicerces para para a sua elaboração. Digamos à partida que, com ligeiros matizes, tem muitas semelhanças com o esquema geral de qualquer língua nacional. Exemplo claro é o artigo “Epílogo para Galegos, portugueses, brasileiros e africanos de expressão portuguesa: Dimensões no processo normalizador de uma comunidade linguística” (1986). No seu conteúdo –sem dúvida, um dos mais relevantes– assentam os delineamentos que orientam toda a sua teorização sociolinguística. Este texto fica complementado por outros três, dedicados ao conceito de diglossia e à sua explicação como condição de normalidade (fergussoniana).
Na verdade, frente ao habitual modelo do conflito linguístico, o modelo giliano -e, com ele, o da sociolinguística lusófona galega- inicia o caminho da análise interna do problema da língua da Galiza de um modo diferente ao tradicional. Em vez de culpabilizar a língua castelhana dos problemas do galego (i.e. identificar uma causa externa), centra-se na construção da comunidade linguística começando pelo princípio: o conceito de língua e a relação que deve estabelecer-se entre o utente e o código linguístico, inserido numa comunidade transnacional que recebe o nome de lusofonia. Dito por outras palavras: a grande mudança, o grande contributo da sociolinguística giliana e lusófona na Galiza consiste em perceber e tentar resolver os problemas internos da comunidade linguística, em vez de eternizar-se nas queixas sobre a superioridade da outra língua, que a política secular espanhola tem levado a termo.
Na Galiza tem predominado, nas últimas décadas, o modelo sociolinguístico que podemos chamar do “conflito linguístico” ou da diglossia como sintoma de anormalidade. Originariamente proposto por Aracil (1965, 1966a) -quem o abandonaria em 1983 com a publicação de Dir la realitat- e reinterpretado por vários autores, como Ninyoles, chegaria à Galiza da mão de Francisco Rodríguez com o seu Conflicto lingüístico e ideoloxía en Galicia (1976, 1980, 1998), constituíndo um livro de sucesso. A este esquema teórico atribuiu-se, desde então, duas virtudes fundamentais: ser hipótese explicativa para toda e qualquer situação de contacto de línguas e guia prático para a transformação social. A quebra deste modelo tem conduzido a um beco sem saída a múltiplos movimentos associativos de normalização linguística, não só no Fogar de Breogão.
Digna de estudo é a correlação entre os esquemas de conflito linguístico, a concepção do galego como língua própria (ILG-RAG, 1982) ou língua por elaboração (Fernández Rei), e a promoção de ilusões necessárias como a idealização do monolinguismo social (Mário Herrero, 1997: 10). De facto, os promotores do modelo antidiglóssico têm-se posicionado, de sempre, na arena sociológica e política do antilusismo (Francisco Rodríguez, 1980: 52-55; 1988: 47-50).
Em contraposição, o modelo que orienta a sociolinguística desenvolvida em português da Galiza durante as últimas décadas, em consonância com os delineamentos aracilianos, devemos chamá-la da língua nacional ou do correlacionamento diglóssico, sendo o máximo expoente, como temos indicado, a obra de Gil. Nucleado no conceito de língua nacional (Gil Hernández, 1986, 1988), assente na ideia fergusoniana de diglossia como sinal de normalização linguística (Gil Hernández et al, 1989a, 1989b), concebendo a unidade gramatical das falas galegas e portuguesas (Manuel Rodrigues Lapa, 1979, 1982) e aplicando a concepção coseriuana de língua histórica (1957), tem-se desenvolvido à margem dos âmbitos oficiais e académicos representando, na altura, a opção certa e possível para a correcção do desequilíbrio a favor do castelhano em que se acha submersa a comunidade lusófona galega.
 As explicações sobre o correlacionamento diglóssico, como condição de normalidade linguística, acham-se numa série de quatro artigos iniciados com a publicação, em colaboração com o professor Henrique Rabunhal, de «O conceito de diglossia segundo Ch. A. Ferguson, e a sua pertinência para a comunidade lusófona da Galiza. Um caso de diglossia por deslocação», publicado em 1989 na revista Nós. A este seguiram outros três: «O correlacionamento diglóssico é condição de normalidade» (apresentado ao Congreso de Sociología de Lenguas Minorizadas); «A diglossia é condição de normalidade sociopolítica: sequência de Caminhos a seguir...» (publicado na efémera revista Folhas de Cibrão, 1989), e «Diglossia, conceito ajeitado à Galiza» (1989), que serviram para delinear suficientemente este conceito. Conforme à perspetiva giliana, a diglossia, situação linguística relativamente estável que carateriza todas as sociedades bem estabelecidas, surge da correlação ou tensão dialéctica entre os seguintes pares conceptuais:
TRADITIO (potestas)  versus     HABITUS  (communitas)
          Auctoritas           vs.      Usus   
Antiquitas (+público)    vs.     Modernitas (+ privado)         
          Urbanitas             vs.     Ruralitas

2.2. Análise do discurso «oficial» sobre a língua na Galiza e sobre as normas de correcção idiomática existentes
O texto que iniciou esta linha de investigação foi a sua comunicação para o I Congresso Internacional da Língua Galego-Portuguesa na Galiza, de 1983. O título é suficientemente esclarecedor: “Aproximação à análise do(s) discurso(s) sobre a língua em textos da «filologia oficial» na Galiza. (Traços fascistóides no discurso e na prática (dos) isolacionistas sobre o galego)”. Esta comunicação foi motivada por três textos significativos do Instituto da Lingua Galega (ILG), nomeadamente o livro Galego 3, terceiro de uma série que recolhia as primeiras “ideias” sobre o galego que essa instituição espanhola tinha produzido. Na comunicação o autor corunhês realiza a primeira análise pormenorizada do/s discurso/s isolacionistas, em que utiliza um método formalizado, apoiado-se na concepção foucaltiana e adoptando o critério de sequência discursiva de Júlia Kristeva. As hipóteses de trabalho, explicitadas logo no começo, foram as seguintes:
“1ª O(s) discurso(s) sobre os idiomas galego e castelhano, quanto diassistemas linguísticos em uso, segundo se manifesta(m) nos textos da Filologia oficial, reproduz(em) a inequivalência entre a parte e o todo, entre a região e a nação, a Galiza e a Espanha, ao próprio tempo que a configura(m) e intensifica(m).
Os textos a analisarmos, e outros, ficam, consequentemente, sobredeterminados pela função poética ou «retórica» e não pela metalinguística nem pela representativa ou referencial, que, porém, haveriam de caraterizar textos pretensamente científicos.
Inscrevem-se, por conseguinte, num tipo de discurso radicalmente retórico ou retorizado, em que habitualmente se situam os textos políticos”.
Já nas suas cartas publicadas no último semestre de 1980, na revista Man Común, em debate com membros do ILG (os professores castelhanistas Francisco Fernández Rei e Charo Álvarez) se adivinhava o sua intenção de análise do discurso para além da literalidade. Nessa revista publica «Sobre o normal e as normas» I e II, respetivamente em Outubro e Novembro, e «Carta aberta a amigos (e inimigos)», em Dezembro. Nestas “cartas” que introduz uma expressão muito significativa, identificano os posiciomanentos isolacionistas com metolologias “empiristas”, primeira crítica metodológica que desenvolveria posteriormente noutros textos.
2.3 SILÊNCIO ERGUEITO
Como no caso de outros colegas, Gil tem recebido, pela sua coerência, o boicote dos adversários castelhanistas e, também por vezes, a incompreensão dos esperáveis colegas “reintegracionistas”. O silêncio, como ausência de discussão e respostas aos problemas patentes na sociedade, que se acha na origem da frustração entre os interessados na lusofonia da Galiza, é o leitmotiv de algumas das suas reflexões e nomeadamente do seu Silêncio Ergueito (1996) – com o que continua e amplia um texto anterior, "Sobre dicionários galegos...", de 1987. Trata-se de um livro de denúncia e esperança em apelo constante ao leitor, onde analisa a partes iguais língua, literatura e notáveis, reproduzindo e comentando textos que já editara vários anos antes com uma clareza premonitória. A leitura deste livro remete continuamente para textos e contextos sociais anteriores, contudo, inevitavelmente actuais. O título reflecte uma situação ou sensação percebida duplamente pelo autor: no aspecto pessoal e no grupal ou sociológico. O silêncio, os seus actores e os seus sofredores, a sua compreensão e explicação constituem o núcleo da primeira parte desta publicação.
Certamente o Silêncio está endereçado para o público mais implicado nas questões da língua. Isto deduz-se tanto do estilo de redação como do conteúdo. O autor interpela a um tempo os “Notáveis nacionalizadores galegos” e o povo galego, representado na comunidade linguística, pretendendo mostrar a deslealdade daqueles para com este. A contradição principal que Gil entende ser explicativa do comportamento irracional dos notáveis galeguizadores é o “duplo ligame”, processo e relação de ordem sociolinguística (por implicar um modo de conceber a língua) e psicológica (porquanto remete para mecanismos de defesa), diríamos, psicossocioliguística. Cito da página 48:
             “Em suma, eis para mim a explicação suficiente e satisfatória:  Nem a notabilidade nacional espanhola nem nos Notáveis nacionalizadores galegos (por submissão [talvez] incônscia àqueles) permitirão “sem sague, suor e lágrimas (ou báguas)” qualquer atividade, sobretudo comunicacional, que pudesse iniciar algum processo, simultaneamente, a interromper o duplo ligame vigente e a promover um outro entre os cidadãos da Galiza (espanhola)”.
             Aguardamos que a obra do professor Gil e, em geral, do movimento lusófono da Galiza, contribua decisivamente para devolver este velho país ao espaço cultural e linguístico a que pertence por origem e vontade: a lusofonia.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
GIL, António (1984) “Tese reintegracionista” in: AA.VV.: Que galego na escola? I Encontros Labaca, Ed. do Castro,1985: (Com o pseudónimo Amado L. Caeiro: Baralha de sonhos. Coleção Cadernos do Povo. Irmandades da  Fala da Galiza e Portugal. Ponte Vedra - Braga. Livro de poemas. 47 páginas.
---- (1986) “Dimensões no processo normalizador de uma comunidade linguística: Galiza. (Epílogo para galegos, portugueses, brasileiros e africanos de expressom portuguesa)” in: Temas de O ensino nº6/10, 1986 (volume II), pp. 247-283.
---- (1987) “Sobre dicionarios galegos e temas enleados. Conversa (grafada) com Isaac Alonso Estravís, diretor e autor do Dicionário da Língua Galega Comum”, in: Isaac Alonso Estravís: Estudos filológicos galego-portugueses, pp. 251-334.
---- (1988) “A língua como facto social (duas missivas)”, in: Agália nº14, pp. 191-210.
---- (1989)"O conceito de «diglossia» segundo Ch. A. Ferguson, e a sua pertinência para a Comunidade Lusófona da Galiza. Um caso de diglossia por deslocação" (Com Henrique Rabunhal), in Nós, Revista Internacional da Lusofonia, Ponte Vedra - Braga, pp.361-388.
---- (1993) "Questionário na Europa Contemporânea (quase manifesto)" (junto com outros autores, da Associação de Amizade Galiza-Portugal), in AA. VV: O uso das línguas na perspectiva da Europa Comunitária. AGAL, Corunha, pp.49-60.
---- (1996) Silêncio ergueito. Apontamentos sócio-políticos sobre questões aparentemente idiomáticas (infelizmente certificados apenas dez anos depois). Ed. do Castro, Corunha.
Foucault, M. (1976) L’arqueologie du savoir. Eds. Gallimard, Paris, 1969. [Trad. Castelhana, Siglo XXI, México, 1976, 3ª Ed., pp.152 e ss.]
Kristeva, Julia (1969)  «L’engendrement de la formule», in Semiotikè. Recherches pour une sémanalyse. Eds. Du Seuil, Paris, pp.278-371.
Uma bibliografia mais ampla de António Gil pode ler-se no endereço electrónico http://www.lusografia.org/antoniogil-bibliografia.htm

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