segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

texto de V Romano sobre o AO1990




Novamente o drama do Acordo Ortográfico
Por Veladimir Romano

Já começa a criar contornos dramáticos a questão do chamado Acordo Ortográfico, um verdadeiro dilema para algumas mentalidades votadas à estagnação, absolutismo, sentido manipulador e obsessão interminável, mesmo perante a liberdade inequívoca sobre os direitos de cada um, inclusivamente nos protestos aprazíveis contra seja o que for, a consciência, não pode ficar adormecida eternamente numa espécie de arrogância indeterminada.
A última tirada do novo presidente do Centro Cultural de Belém, localizado na cidade de Lisboa, nomeação forçada pelo novo governo, colocando seus meninos dourados do partido onde mais desejam, numa declarada estratégia do atraso e prejuízo (Portugal tem dado mostras de como é realmente uma sociedade de tendências para o suicídio, felizmente sobram alguns com juízo suficiente para fazerem o país ainda acreditar nalgum futuro), nesta sempre incrível massa de fusões entre as gentes de dois partidos, prontos a malbaratar a consciência pública, institucionalizar as linhas corruptas que afunilam a nação, agora, agarrados à mendicidade, manifestam estes o amor balofo no ato mais teatral e ridículo que se conhece saindo de responsáveis que dirigem o Estado.
Vasco Graça Moura, já em tempos cavaleiro das fantasias ortográficas quando manifestou a sua ira contra o Acordo, apanhou agora na sua súbita ascensão a presidente da dita cuja, casa cultural, logo na entrada feito animal felino, nas preocupações urgentes, acabar com todo o sistema do recente Acordo Ortográfico. Necessariamente, a prioridade das prioridades de como se deve mandar neste país onde o povo, tristemente, de brandos costumes, mas pelo que se topa, quando nas mãos de quem governa, a tentação ditatorial volta aos sonhos da pureza reacionária, não dorme, pela missão do apontamento absurdo.
A pergunta seguinte é sem dúvida se o espírito aqui, no jardim plantado à beira mar, de alcance em alcance, consegue ser o paraíso tentador para a implementação das (nefastas) ditaduras perpétuas?
Ao analisar o comportamento de Vasco Graça Moura, brilhante intelectual, escritor dos melhores que a Língua portuguesa conhece, lúcido tradutor, transformado e arrastado em má hora pelas tentações políticas de uma direita muito comprometida com a tentação primária na ausência de liberdades, controlo e destruição do serviço público, proteção da malandragem, projetores de autarcas campeões nas artes de corromper, sempre autoritários nas demandas onde os pareceres democráticos são letra escrita através da tinta invisível, ingratidão pérfida de velhas canetas ultrapassadas pelo tempo.
Acentua, e é de todo uma imagem muito triste, aquela transmitida por quem de aparas responsáveis na Cultura, Educação, prática cívica, pedagogia de maneiras, desempenho de cargos políticos como deputado parlamentar europeu, agora, no aproveitamento de mais um tremendo tacho favorecido pelos amigos do poder, o tenha logo no seu primeiro dia de trabalho, sido não numa estratégia de razões ou por despacho legível, acabar com as aplicações de escrita enquadradas na lei, perante a necessidade de afirmações, dar novo realismo nos documentos e demais pormenores oficiais dentro do âmbito das obrigações sociais do CCB, a simples anulação do Acordo Ortográfico, o contra senso em aberto litígio fugidio onde o governo ainda nem sequer apitou às suas responsabilidades de liderança numa situação de total falta de respeito, qual visão futurista carregada de anulações, mitigando inclusivamente um passado sempre de comum acordo, isso sim, com as doses fatídicas da maldita ignorância.
Assim e mais uma vez, mostra este tipo de posição e atitude, como responsáveis por cargos políticos fazem do País uma nação pobre das ideias, mal de ideais, podres de vaidade, vazios de inteligência, sem que tal consiga ser analisado pelo anônimo infeliz que passa na rua mais preocupado com o bacalhau na mesa ou com os fora de jogo que o juiz da partida não marcou na partida da última jornada contra o adversário do seu clube.
Sinceramente, a raiva e o arremesso de atitudes vulgares contra um simples acordo que pretende uniformizar as expressões vocabulares de um idioma, tem-no feito não e apenas os países da conhecida CPLP, mas dentro do mesmo conceito outras nações onde o seu elo de ligação seja a mesma Língua. Tem-no feito a Espanha e os restantes países de fala castelhana, a França, Inglaterra e seus demais, a China no mandarim, até a Holanda e neste momento a Rússia prepara a renovação ou reforma da sua Língua, liquidando as características mantidas, muito antiquadas, esgotadas e sem nexo, dificultando e atrapalhando o desenvolvimento da mesma.

Novamente, não se compreende, como se o mundo acabasse num simples acordo que visa unificar certas situações, acordo que já vem de passados, através de séculos, pois, consta que o primeiro acerto linguístico entre apenas Portugal e o Brasil, aconteceu já quase nos finais do século XIX; entretanto, outros se seguiram através do século XX e hoje, mais do que nunca a razão é de já os portugueses não serem donos de coisa nenhuma em termos globais, onde as velhas colônias são estados independentes e acertando o seu diapasão pelo país, o Brasil, que neste momento está inclusivamente levando a Língua de todos aqueles que se expressam em Português, seriamente para o futuro. O Acordo está revisto, assinado em comum entendimento, o resto necessariamente serão moscas atrevidas, desorganizadas como em todas as alturas, querendo bicar no bolo delicioso em cima da mesa. O açúcar causa a maior das invejas e começa sendo coisa não só feia, mas intolerável a todos os níveis mentais.
É triste, se afunda na maldade intelectual uma ignorância inexplicável, quando artistas da escrita se deixam amedrontar, acobardando seus pensamentos, aniquilando de uma só vez seus trilhos pessoais mais brilhantes do jeito que a personalidade fica baralhada e perdida pelos labirintos do escritor que se dá mal, muito mal com o poder ou como na velha história do soba, quando o maldito mabeco comeu as letras...
Pois bem, com ou sem perturbação, parece uma guerra acabada em birra de meninos mimados; a ver vamos aquilo que se segue neste cardápio inteligível de aberrações... por causa de um simples, bem simples Acordo Ortográfico transformado em peça dramática... resta saber escrita por quem... alguemuros por aí...                

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