domingo, 13 de janeiro de 2013

afeganistão



A Exxon Mobil, a maior petrolífera do mundo, prepara-se para aterrar no Afeganistão, depois da notícia – escondida por cá, não se sabe porquê, ou sabe? –, de ter sido encontrado petróleo na província de Faryab. Nos últimos onze anos – em que a NATO ocupa aquele território –, foram encontrados 322 poços, com capacidade entre 500 a dois mil milhões de barris de ouro negro.
A euforia da descoberta tolhe-nos o raciocínio e não a ligamos com a ocupação deste país desde 1938, quando os ingleses construíram as primeiras refinarias no Irão e na Arábia Saudita.
Foram os poços a Norte, que levaram os soviéticos a invadir o país e a construir o primeiro gasoduto do país, enquanto os Estados Unidos armavam Bin Laden "combatente da liberdade".
Como a União Soviética se desmoronou, a NATO prossegue com a sua "doutrina da segurança colectiva", 'password' das guerras pelos recursos. Foi um fiasco total, com a perda de três mil homens e o desperdício de sete mil milhões de euros por mês, desde 2001. A NATO já esbanjou ali 900 mil milhões de euros... por causa de um bilião de euros em reservas petrolíferas.
E depois? Foi a chinesa CNPC quem ganhou e assinou o maior contrato de petróleo da história do Afeganistão, que inclui a construção da primeira refinaria do país. O Congresso dos EUA acusa Hamid Karzai de deslealdade.
A China adianta-se na reconstrução da velha Rota da Seda e garante a sustentabilidade energética, com aval dos talibãs, para quem constroem escolas, clínicas, vivendas e a quem levam electricidade e água potável. Todos nos lembramos que o presidente alemão, Horst Köhler, se demitiu depois de justificar a presença das suas tropas no Afeganistão para proteger a economia alemã.
A existência de toneladas de ouro, diamantes, esmeraldas, cobre, ferro, urânio, etc. foi documentada há um século por geólogos russos e britânicos.
A NATO apenas criou outro Congo, à sombra do baile de abutres sobre os corpos de dezenas de milhares de afegãos humilhados, torturados, violados, sequestrados em dezenas de masmorras num país onde vinte milhões de pessoas continuam sem água potável, sem luz, enganando a fome e a dor com ópio, cuja produção disparou de 200 toneladas em 2001 para sete mil toneladas em 2009, beneficiando os novos Camelos do Afeganistão. No passado, o ópio – remédio, em afegão – era usado para tratar a picada da serpente. Hoje serve para calar os meninos que choram de dor ou de fome. A rota euro-asiática do ópio passa pelo Kosovo, outro troféu das guerras humanitárias da NATO, para ser vendido na Europa a um custo superior a 300 por cento. Assim, Afeganistão e Colômbia – íntima dos Estados Unidos –, são os maiores produtores de drogas do mundo. São eles a serpente, que dizima a juventude e milhões de famílias no mundo ocidental.
Afinal, os camelos somos nós.

¹ (Costa Guimarães, in "Afeganistão: e os camelos somos nós?"; diário "Correio do Minho", Braga, 08Jan2013)

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