A
Exxon Mobil, a maior petrolífera do mundo, prepara-se para aterrar no
Afeganistão, depois da notícia – escondida por cá, não se sabe porquê,
ou sabe? –, de ter sido encontrado petróleo na província de Faryab. Nos
últimos onze anos – em que a NATO ocupa aquele território –, foram
encontrados 322 poços, com capacidade entre 500 a dois mil milhões de
barris de ouro negro.
A euforia da
descoberta tolhe-nos o raciocínio e não a ligamos com a ocupação deste
país desde 1938, quando os ingleses construíram as primeiras refinarias
no Irão e na Arábia Saudita.
Foram os
poços a Norte, que levaram os soviéticos a invadir o país e a construir o
primeiro gasoduto do país, enquanto os Estados Unidos armavam Bin Laden
"combatente da liberdade".
Como a União
Soviética se desmoronou, a NATO prossegue com a sua "doutrina da
segurança colectiva", 'password' das guerras pelos recursos. Foi um
fiasco total, com a perda de três mil homens e o desperdício de sete mil
milhões de euros por mês, desde 2001. A NATO já esbanjou ali 900 mil
milhões de euros... por causa de um bilião de euros em reservas
petrolíferas.
E depois? Foi
a chinesa CNPC quem ganhou e assinou o maior contrato de petróleo da
história do Afeganistão, que inclui a construção da primeira refinaria
do país. O Congresso dos EUA acusa Hamid Karzai de deslealdade.
A China
adianta-se na reconstrução da velha Rota da Seda e garante a
sustentabilidade energética, com aval dos talibãs, para quem constroem
escolas, clínicas, vivendas e a quem levam electricidade e água potável.
Todos nos lembramos que o presidente alemão, Horst Köhler, se demitiu
depois de justificar a presença das suas tropas no Afeganistão para
proteger a economia alemã.
A existência
de toneladas de ouro, diamantes, esmeraldas, cobre, ferro, urânio, etc.
foi documentada há um século por geólogos russos e britânicos.
A NATO apenas
criou outro Congo, à sombra do baile de abutres sobre os corpos de
dezenas de milhares de afegãos humilhados, torturados, violados,
sequestrados em dezenas de masmorras num país onde vinte milhões de
pessoas continuam sem água potável, sem luz, enganando a fome e a dor
com ópio, cuja produção disparou de 200 toneladas em 2001 para sete mil
toneladas em 2009, beneficiando os novos Camelos do Afeganistão. No
passado, o ópio – remédio, em afegão – era usado para tratar a picada da
serpente. Hoje serve para calar os meninos que choram de dor ou de
fome. A rota euro-asiática do ópio passa pelo Kosovo, outro troféu das
guerras humanitárias da NATO, para ser vendido na Europa a um custo
superior a 300 por cento. Assim, Afeganistão e Colômbia – íntima dos
Estados Unidos –, são os maiores produtores de drogas do mundo. São eles
a serpente, que dizima a juventude e milhões de famílias no mundo
ocidental.
Afinal, os camelos somos nós.
¹ (Costa Guimarães, in "Afeganistão: e os camelos somos nós?"; diário "Correio do Minho", Braga, 08Jan2013)
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