TIMOR LOROSAE NAÇÃO - diário
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- Estádio da Luz: BENFICA 2 – PORTO 2 - LOUCURA INICIAL RESULTOU EM EMPATE
- Preokupa Seitor Edukasaun, Problema Inundasaun Iha Sidade Díli, CPD-RDTL Preokupa PM
- SUNSET IN DILI
- LISBOA ACOLHE CONFERÊNCIA SOBRE JOVENS DA CPLP
- A MAIS ANTIGA EVIDÊNCIA DE PESCA ENCONTRADA EM TIMOR-LESTE
- DESTERRO EM TIMOR – A SAGA DA FAMÍLIA MIRANDA
- Entrevista - Ramos-Horta: "Durão Barroso deve ser o próximo secretário-geral da ONU"
Posted: 13 Jan 2013 03:23 PM PST
Um clássico empatado em 17 minutos
Benfica
e F. C. Porto empataram (2-2) no clássico da 14.ª jornada da Liga. Os
quatro golos foram marcados nos primeiros 17 minutos do encontro, mas
deixaram tudo na mesma na frente do campeonato. As águias mantêm, assim,
três pontos de vantagem sobre os dragões que têm, porém, menos um jogo
disputado.
Os
dragões foram os primeiros a festejar, logo aos oito minutos. Após um
livre de João Moutinho, Jackson não chega a tocar na bola, que sobra
para o cabeceamento bem sucedido de Mangala. Mas a vantagem portista só
durou dois minutos, já que após um cruzamento da esquerda de Melgarejo,
Cardozo e Lima ganharam nas alturas, com o brasileiro a asssistir Matic,
que assinou um golo simplesmente fantástico.
Num início de loucos,
o F. C. Porto voltou a gelar a Luz à passagem do primeiro quarto de
hora, num lance em que o guarda-redes benfiquista, Artur, teve um
momento menos feliz. O brasileiro não foi rápido a aliviar e entregou a
bola a Jackson, com o colombiano a não desperdiçar a oferta e a assinar o
1-2.
No
entanto, a história repetiu-se e, dois minutos depois, as águias
voltaram a empatar o jogo. Desta vez, foi Helton a não conseguir segurar
um cruzamento, Otamendi também falhou o corte e Gaitán não perdeu a
oportunidade para desferir uma bomba para o fundo da baliza.
O
marcador não voltou a funcionar até ao final da primeira parte e o
equilíbrio continuou a ser grande no segundo tempo. A verdade é que as
situações de perigo foram raras até que, aos 77 minutos, Cardozo surgiu
isolado frente à baliza do F. C. Porto, mas Helton conseguiu desviar
ligeiramente a bola, que ainda bateu no poste. Estava escrito que o clássico ia terminar empatado.
*Título TLN - Foto FRANCISCO LEONG/GLOBAL IMAGENS
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Posted: 13 Jan 2013 03:05 PM PST
Opozisaun Konsidera Ema Barak Sei Preokupa Seitor Edukasaun
Josefa Parada – Suara Timor Lorosae
DILI
- Bankada Opozisaun FRETILIN iha uma fukun Parlamentu Nasional (PN)
konsidera, to’o agora ema barak sei preokupa teb-tebes ba seitor
edukasaun, tanba kondisaun eskola publiku hahu husi primaria to’o
sekundaria barak sei a’at.
Kestaun
ne’e hato husi deputadu bankada Fretilin Francisco Branco katak eskola
publiku hotu iha rai laran barak sei ho kondisaun la permite atu halao
prosesu aprendisazem, tamba ne’e hanesan reprejentante povu, sira husu
ba governu atu hare ba preokupasaun ne’e.
“Ita
hare katak, eskola publiku ne’e povu nia oan barak mak eskola iha ne’e,
tanba ne’e ita husu nafatiin ba governu atu bele hadia eskola sira
ne’e, atu nune’e prosesu apremdesazem mos bele lao ho diak no susesu,”
hateten Branco ba STL iha uma fukun PN Sesta (11/01).
Deputadu
bankada PD Paulo Monteiro hateten, kondisaun eskola iha kapital Dili
barak seidauk diak, pior liu tan iha distritu ka sub-distritu, falta
meja kadeira, livru no seluk tan, bainhira koalia konaba kualidade
labarik sira nian, maibe tenki hare kondosoins diak para sira bele
estuda ho diak. Informasaun kompletu iha STL Jornal no STL Web, edisaun
Sabado (12/1). Jasinta Sequeira
Problema Inundasaun Iha Sidade Dili Laran, Fretilin: “Governu Mak Laiha Planu”
Josefa Parada – Suara Timor Lorosae
DILI
– Tempo udan iha fatin-fatin liu-liu iha sidade Dili laran maioria
akontese inundasaun ou be sae, ho problema ne’e partidu Fretilin ne’ebe
sai hanesan Opozisaun iha Parlamentu Nasional (PN) konsidera governu mak
laiha planu ne’ebe diak.
Kestaun
ne’e hato’o hosi deputadu bankada Fretilin Aurelio Freitas Ribeiro ba
STL iha uma fukun Parlamentu Nasional (PN) Kinta (10/01).
“Hau
nia sentimentu ne’e la diak hau la gosta buat sira hanesan ne’e liu-liu
sidade Dili laran ne’ebe nakonu ho foer no be nalihun iha fatin-fatin
no ida ne’ebe iha kompetensia atu rejlve problema ida ne’e governu tanba
iha tempo bailoro ne’e oportunidade ba governu atu halo buat sira ne’e
maibe realidade laiha depois udan tau inundasaun akontese ha fatin-fatin
mak foin hakfodak atu hadia maibe hadia mos la los tan ne’e signifika
katak governu mak laiha planu ne’ebe diak komesa hosi gvernu AMP to’o
agora,” hatete deputadu Fretilin, Aurelio Freitas Ribeiro.
iha
fatin hanesan deputadu bankada Fretilin, Joaquim do Santos, mos hatete
governu nia planu ba osamentu inundasaun nian ne’e mak fraku, tanba
tinan-tinan laiha osan atu hadia sidade Dili hodi bele livre hosi
inundasaun. Informasaun kompletu iha STL Jornal no STL Web, edisaun
Sesta (11/1). Tomas Sanches/Timotio Gusmão
CPD-RDTL Preokupa, PM Xanana Atu Hasai sira
Josefa Parada – Suara Timor Lorosae
DILI
- Grupo CPD-RDTL Preokupa tebes ho statementu husi Primeiru Ministru
Xanana Gusmao, atu haruka forsa hasai sira husi Welaluhu, fatin nebee
durante nee sira halao movimentu jona koperativa no ekonomia.
Kestaun
ne’e fo sai husi Marcelino Caldas, ba STL katak inprinsipiu CPD-RDTL
respeita no kunsidera PM Xanan Gusmao nudar veteran no atual PM iha pais
ida nee.
“Tamba
nee CPD-RDTL fo’o hanoin fila fali ba publiku katak PM Xanan Gusmao
hateten tiha ona iha media hotu-hotu, atu bolu uluk dirizente CPD- RDTL
Antonio Aitahan Matak para halo konfirmasaun, konaba CPD-RDTL nebee
konsentra iha Welaluhu, atu halao movimentu jona koperativa no ekonomia
nia, maibee seidauk bolu tan, PM Xanana komesa hasi lia fuan kroat tuir
deit propagadores sira nia propaganda nee pregozu tebe-tebes,” hateten
Marcelino nebe hanesan Asuntu Relasaun Publika CPD-RDTL, ba STL iha
Edifisiu STL Fatumeta, Dili, kinta (10/01).
Neduni
CPD-RDTL husu no fo’o hatene ba PM atu bolu uluk dirizente Antonio
Aitahan Matak, para halo konfirmasaun no ba uluk lai terenu halo
observasaun, hodi hare antes fo sai statementu. Informasaun kompletu iha
STL Jornal no STL Web, edisaun Sesta (11/1). Joao Anibal
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Posted: 13 Jan 2013 11:06 AM PST
The Jakarta Post - Travel - Sun, January 13 2013, 2:03 PM
The
beach is inescapable when you are in Dili, Timor Leste. From Tasi Tolu
to Meti Aut, there lies the center of the Dilinese universe.
As
the sun rises from its overnight bed, people jog and bike by the side
of Kelapa Beach. Others will sit patiently waiting for the fishermen’s
boats to arrive and unload their catch.
During
lunchtime, the bench in front of the Palacio do Governo, the Dili
government building, is usually packed with people enjoying a break.
Coconut anyone? It’s a pleasant refreshing drink in the scorching sun.
In
the afternoon and at weekends, the coast is at its busiest. You will
have difficulties parking your vehicle at the Lago de Lecidere. You can
meet groups of youngsters playing soccer, fishing, doing bike slaloms or
just walking by holding hands, as children roam the water front. Don’t
miss the sunset.
Take your place between two huge trees near by the Casa Europa to indulge in the twilight.
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Posted: 13 Jan 2013 08:23 AM PST
A
sede da CPLP, em Lisboa, será na próxima quarta-feira o palco para um
debate sobre a participação da juventude na construção do espaço
lusófono
Lisboa -
A sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Lisboa,
irá receber na próxima quarta-feira, 16 de janeiro, a conferência
"Jovens da CPLP", organizada pelo Conselho Nacional da Juventude (CNJ)
de Portugal, em parceria com o Secretariado Executivo da CPLP.
Com
a meta de difundir os objectivos e o alcance da cooperação em matéria
de juventude, esta conferência é contextualizada pelos debates sobre a
implementação de um "Documento Estratégico da Juventude da CPLP -
Juventude da CPLP: 2015 e além" e sobre a adopção futura de uma "Carta
da Juventude".
Com
o tema "Jovens da CPLP", a conferência "pretende concretizar um debate
com decisores públicos e técnicos para um melhor entendimento dos
processos relacionados com a juventude neste espaço de integração",
informou a CPLP em comunicado, referindo que "a juventude, no seio da
CPLP, representa uma parte substancial da população, uma realidade
heterogénea e multidimensional, pelo que as suas preocupações e
aspirações assumem um carácter transversal".
"O
evento contará com dois momentos de debate, nos quais se ambiciona
envolver e estimular uma ampla participação da audiência. A informação
recolhida na conferência, nomeadamente as comunicações dos oradores
convidados, serão posteriormente integrados numa publicação sobre
Cooperação na CPLP em matéria de Juventude", indica ainda o mesmo
comunicado.
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Posted: 13 Jan 2013 07:39 AM PST
Arshdeep Sarao – The Epoch Times – 07.01.13, com foto
Pesquisadores
desenterraram fósseis de peixe que datam de 42 mil anos atrás, junto
com os anzóis em Timor Leste. Os anzóis datavam de 11 mil anos e entre
16 mil e 23 mil anos de idade, respectivamente, e são as primeiras
evidências definitivas de pesca encontradas até à data.
Uma
equipe de arqueólogos liderada pela Dra. Susan O’Connor, da
Universidade Nacional da Austrália, realizou as escavações em Jerimalai,
uma caverna na costa do Timor Leste.
Até
agora, foram escavados apenas dois poços de teste, cada um com uma área
de um metro quadrado, disse O’Connor ao The Epoch Times por e-mail. Ela
disse que a equipe pode voltar para mais escavações.
“Quando voltarmos, esperamos obter uma amostra muito maior dos tipos de anzóis e outros itens tecnológicos”, disse O’Connor.
Cerca
de metade das espécies de peixes encontradas nos depósitos mais antigos
da caverna eram de atum, que vivem em águas mais profundas. Os anzóis
foram encontrados em depósitos que continham uma proporção maior de
águas rasas, peixes, como trevallies e garoupas, que são frequentemente
capturados com anzóis.
A descoberta é significativa para a compreensão da cultura da pesca marítima e dos seres humanos de 42 mil anos atrás.
“Eles
tinham conhecimentos marítimos muito mais avançados do que havíamos
entendido que os primeiros seres humanos modernos pudessem ter”, disse
O’Connor.
“Captura
de peixes pelágicos, como o atum, exige elevados níveis de planejamento
e tecnologia marítima complexa. A evidência sugere que os habitantes
estavam pescando no fundo do mar “, escreveram os pesquisadores num
artigo publicado pela revista Science em 25 de novembro de 2011.
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Epoch Times publica em 35 países em 19 idiomas.
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Posted: 13 Jan 2013 03:05 AM PST
ANA CRISTINA PEREIRA – Público, com vídeo no original
A
carestia de vida era desmedida. Desde 1919, as greves sucediam-se. No
início dos anos 20, estourou a violência contra polícias, patrões e
fura-greves. Na sequência de um atentado contra o director da polícia,
uns 100 activistas foram detidos. Instaurada a ditadura, 64 foram
deportados para Timor.
Simões
de Miranda ia no navio Pêro Alenquer, que partiu de Lisboa em Abril de
1927 com deportados no porão. O desterro não foi tão terrível como
temera: decidido a equilibrar a balança de pagamentos da colónia, o
governador, Teófilo Duarte, decidiu fazer deles colonos. E o padeiro,
então com 25 anos, recebeu um espaço, um forno e farinha para começar o
seu próprio negócio.
Formou
uma família – primeiro com Laura Ximenes, depois com a irmã dela,
Áurea. Quando a II Grande Guerra chegou à ilha, já enviara os filhos
mais velhos, Alice e José, para os avós paternos, em Aveiro. Com ele
viviam o enteado, Marcelino, e os dois filhos mais novos, João e Manuel.
Muito
pão da Padaria Europeia vendeu aos aliados, que desembarcaram em Timor
em Dezembro de 1941, decididos a impedir que os japoneses usassem a ilha
como base para atingir a Austrália. Morreu durante a invasão japonesa,
deixando os dois filhos com apenas nove e cinco anos. Para lá dos
confrontos, muitos morriam de fome e falta de assistência médica.
Depois
de muitos meses a fugir no mato, Manuel e João foram resgatados por
militares australianos e levados para um campo de refugiados na
Austrália. No início de 1945, ainda antes do fim da II Grande Guerra,
seguiram, via Moçambique, para Portugal, onde foram entregues à Casa Pia
de Lisboa.
Houve
reflexos em Aveiro. José cresceu com um forte sentimento de injustiça
provocado pelo que acontecera ao pai e pelo que via à sua volta. Fez-se
marceneiro, casou-se, mas nunca se esqueceu disso: aproximou-se do
Partido Comunista Português e ainda foi preso pela PIDE em Fevereiro de
1963.
Em
2000, o fotojornalista Adriano Miranda visitou Timor, em reportagem
para o PÚBLICO, encontrou a padaria que pertencera ao avô destruída por
acção de milícias, grupos armados pela Indonésia em 1998, que tanto
lembram as colunas negras, os grupos armados pelos japoneses em 1942. Já
então lhe pareceu que havia uma história que não era só sua, que não
era só da sua família, que era uma história de resistência, que merecia
ser resgatada e contada.
Este
domingo, a revista 2 conta a história do padeiro Miranda cruzando
depoimentos com cartas, registos da polícia portuguesa, ficheiros do
exército australiano, jornais, livros. Não é igual à que Adriano Miranda
cresceu a ouvir a mãe e os tios a contar, porque o tempo prega muitas
partidas à memória.
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Posted: 13 Jan 2013 03:00 AM PST
Filipe Fialho – Visão, com foto de Marcos Borga
Acredita
que Timor-Leste está bem entregue e vai continuar a ser um caso de
sucesso. Ramos Horta, o Nobel da Paz de 1996, deixou a presidência do
seu país há sete meses e admite estar a aproveitar muito bem a sua
liberdade
Em
maio, cedeu o lugar de Chefe de Estado a Taur Matan Ruak e, desde
então, tornou-se um reformado de luxo da política de Timor-Leste e um
andarilho global. Tal como Bill Clinton ou Tony Blair, José Ramos Horta
passou a integrar a lista de antigos dirigentes que passam o tempo em
viagens pelos cinco cantos do mundo para dar todo o tipo de conferências
- pagas proporcionalmente ao seu prestígio internacional. Esta semana,
veio a Lisboa para participar nas comemorações dos 40 anos do Expresso e
rever velhos amigos. No final do mês, tem à sua espera um novo desafio
pessoal e diplomático, quando assumir funções como enviado especial do
secretário-geral das Nações Unidas para a Guiné-Bissau. Um cargo que,
confessa, lhe pode provocar alguns constrangimentos por impedi-lo de
dizer o que realmente pensa. Enquanto tal não ocorre, mostra-se
solidário com a causa palestiniana, elogia os professores portugueses em
Timor-Leste - "são dedicados e entusiastas, devíamos pagar-lhes um
pouco melhor" - e diz que Durão Barroso pode muito bem suceder a Ban ki
Moon à frente da ONU.
Após
ter abandonado a presidência da República de Timor-Leste, afirmou que
lhe tiraram um enorme fardo de cima. É hoje um homem mais livre?
A
verdade é que, nestes últimos meses, deleitei-me com a minha liberdade.
Mas não se entenda isto como sinónimo de ociosidade. Logo em junho, por
exemplo, aceitei o convite do Presidente Taur Matan Ruak [o seu
sucessor] para representar Timor-Leste na cimeira do Rio+20. Tenho
viajado imenso, dei mais de 20 palestras - nos Estados Unidos, Japão,
Suíça, Alemanha, Singapura, Tailândia, Austrália... Recebi mais três
doutoramentos honoris causa, entrei para o Conselho Honorário da
Universidade de Harvard...
Tenho
estado muito ocupado, a diferença é que já não sou obrigado a
preocupar-me com problemas de política e segurança em Timor-Leste. Durmo
tranquilo e acordo tranquilo, as dores de cabeça em relação ao que
acontece em Timor-Leste ficaram para o atual Presidente e para o
primeiro-ministro.
Curioso que a sua reforma da política timorense lhe permita agora ter maior visibilidade internacional...
Eu
nunca deixei de ter visibilidade, a nível internacional. Mesmo quando
estava na chefia do Estado, publiquei artigos de opinião no Washington
Post, no International Herald Tribune, no New York Times. Sempre opinei
sobre aquilo que me parecia mais oportuno, fosse a Síria, a situação dos
media ou a Birmânia... Mas agora, ser representante especial do
secretário-geral para a Guiné-Bissau, impõe-me alguns constrangimentos.
Tenho um secretário-geral a quem devo todo o respeito, a ele e aos 193
membros da ONU. No passado, em conversas informais, eu costumava dizer
"aquelas pessoas da ONU que trabalham entre o 36.° e o 38.° andar devem
ser os melhores diplomatas do mundo porque têm de gerir as
sensibilidades, os interesses e os egos de todos os Estados membros. Não
pode haver diplomatas mais hábeis, porque têm de medir cada palavra". E
se é habitual os líderes cometerem gafes, é muito raro um funcionário
da ONU cometer uma gafe.
Já
que fala da Guiné-Bissau e da sua nomeação para mediador do conflito
naquele país, a sua amizade com o ex-primeiro-ministro Carlos Gomes
Júnior não lhe provoca nenhum tipo de constrangimento?
Bom,
eu não diria amizade, porque não conheço assim tão bem o dr. Carlos
Gomes Júnior. Estive com ele duas ou três vezes quando ele era
primeiro-ministro. No plano pessoal, não posso colocá-lo, por exemplo,
ao nível da relação que tenho com Joaquim Chissano, personalidade que
conheço há mais de 30 anos...
Permita
que insista nos constrangimentos. Há apenas um mês subscreveu uma carta
enviada ao novo Presidente da China, apelando à libertação do Nobel da
Paz, Liu Xiaobo. Está a dizer que não voltará a ter esse tipo de tomadas
de posição?
Se
eu aceito desempenhar uma função nas Nações Unidas, com o estatuto de
secretário-geral adjunto, não represento o José Ramos Horta, represento o
secretário-geral.
Portanto não voltará a assinar e a promover cartas desse género, nem a criticar o regime de Pequim...
Enquanto me mantiver nestas funções, não posso fazer nada a que não seja dada luz verde pelo secretário-geral...
Mas
é importante que se saiba que eu tenho excelentes relações com a China.
A China considera-me um amigo. Mais. O meu filho, Loro Horta, é um
respeitado especialista nesse país. Ele tem três mestrados e um deles
foi tirado na Universidade Militar de Pequim - e com notas tão boas que
lhe deram o título honorífico de coronel do exército chinês. Agora, está
a concluir o doutoramento em Singapura sobre a doutrina naval chinesa.
Fez, também, um mestrado na Universidade americana de Monterrey, onde a
sua tese, igualmente sobre a China, foi classificada como a melhor do
ano, na instituição... Tudo o resto é mero bom senso.
Admite concorrer ao cargo de secretário-geral da ONU quando Ban Ki Moon terminar o segundo mandato, no final de 2016?
Eu
diria que essa possibilidade está excluída. A não ser numa outra vida,
na minha próxima reencarnação - algo em que eu até acredito. Depois de
Ban Ki Moon, um asiático, os europeus vão digladiar-se em grande para
que o cargo de secretário-geral seja ocupado por um europeu. Vai ser
muito interessante observar a cena! (risos) E eu vou fazê-lo, à
distância, com intenso prazer.
E pondera apoiar algum candidato que entretanto surja?
Creio
ser demasiado cedo mas a Europa pode apresentar candidatos brilhantes.
Um deles é José Manuel Durão Barroso. Mas haverá outros candidatos. Os
nórdicos, provavelmente, vão querer novamente o lugar, os polacos também
devem dizer que nunca houve um secretário-geral da Europa de Leste...
Depois de três décadas de luta por Timor-Leste, ainda há alguma causa que o mova para lutar pelo poder?
Pelo
poder não, mas há causas que ainda me partem o coração! Por exemplo, a
situação dos palestinianos. Sessenta anos depois, continua sem haver uma
solução? Vinte anos depois dos acordos de Oslo, continuam a ver negado o
seu direito a um Estado palestiniano livre e independente, a viverem em
paz com Israel? Eu fui o único Chefe de Estado no mundo que teve a
possibilidade de visitar em simultâneo, e na mesma deslocação oficial, a
Palestina e Israel. Nesse campo de minas político, eu estava com imenso
receio de cometer alguma gafe. Ainda por cima tinha aceite dar duas
conferências publicas, uma em cada território. E pensei: vou fazer
asneira, de certeza. Afinal, saí incólume e não detonei nenhuma mina
político-diplomática.
Dizer o que pensa ainda o prejudica?
Já disse muitas asneiras, ao longo da minha vida!
Há
um mês, numa entrevista à Al Jazeera, afirmou que tinha muitas dúvidas
sobre se valia a pena perder-se uma única vida humana para que um país
atingisse a independência...
Já
o tinha dito antes, mais do que uma vez, em conferências. Nenhuma
causa, nenhuma religião, deveria justificar a morte. Mas nós sabemos que
as pessoas aceitam morrer por uma causa, por uma religião, sempre assim
foi na história da humanidade. Eu próprio perdi uma irmã e três irmãos
[na guerra pela independência de Timor-Leste]. A nós, os vivos,
resta-nos saber honrar a memória deles e tudo fazer para não trair essa
memória. Caso contrário, para quê tantas mortes e tantos sacrifícios?
D.
Basílio do Nascimento, bispo de Baucau, afirmou, recentemente, que o
nepotismo e a corrupção são os grandes problemas de Timor-Leste. Quer
comentar?
Bom,
em relação ao nepotismo eu nem percebo. O Presidente não tem nenhum
irmão, nenhum sobrinho, nenhum primo ligado ao poder político ou
empresarial. O primeiro-ministro Xanana Gusmão também não tem nenhuma
irmã, nenhum tio na alta chefia do Estado ou das força armadas...
E quanto à corrupção?
A
International Transparency, no seu último relatório, revelou que
Timor-Leste está no bom caminho e subiu 19 lugares no ranking.
Criaram-se, no país, muitos instrumentos e instituições de luta contra a
corrupção que são quase um modelo em toda a Ásia. Embora a mim, como
ser humano, me fira o coração ver alguém ser punido, temos de recordar
que os tribunais timorenses condenaram a prisão uma ministra da Justiça.
Portanto, é preciso tirar o chapéu à justiça timorense! Por outro lado,
os dados mais recentes da ONU também demonstram que a pobreza está a
diminuir; a mortalidade infantil baixou para metade, nos últimos três ou
quatro anos; o caminho a percorrer ainda é longo mas acredito que os
próximos cinco anos vão ser de grande crescimento económico, num clima
de paz e estabilidade.
Está, pois, otimista em relação ao futuro imediato do seu país, apesar da retirada das forças internacionais da ONU?
Sim. O país está bem entregue, está em boas mãos. Nós temos líderes credíveis e eu estou muito confiante.
Há
pouco tempo, num artigo de opinião publicado num diário indonésio, o
Jakarta Post, escreveu que, daqui a dez anos, metade dos timorenses
falarão português. Timor é indispensável para defender os interesses da
Lusofonia na Ásia?
A
língua não é uma mera questão de geopolítica. É uma questão de
identidade, da identidade timorense. Temos uma história de 500 anos,
aquilo que é hoje o povo timorense resulta da colonização portuguesa e
nós, os líderes timorenses, chegámos à conclusão de que era necessário
manter a língua portuguesa, apesar da interrupção de 24 anos de
colonização indonésia. Não foi uma tomada de posição fácil, em 2000.
Enfrentávamos os maiores desafios e a oposição de muita gente, sobretudo
dos anglófonos. A verdade é que o português já é falado por mais de 20%
da população. Ironicamente mais do dobro da percentagem de timorenses
que falavam português em 1974. Timor-Leste independente fez mais pela
língua portuguesa do que o Portugal colonial até ao 25 de abril. Isto é
um enorme sucesso, é espetacular!
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