Posted: 15 Jan 2013 03:20 PM PST
A
comparação dos genomas de diversas populações humanas actuais revela
que, há 4230 anos, houve uma migração da Índia para a Austrália. E levou
com ela o dingo.
Até
aqui, pensava-se que a Austrália tinha permanecido praticamente cortada
do resto do mundo entre a sua primeira colonização pelos seres humanos,
há uns 40 mil anos, e finais do século XVIII, aquando da chegada dos
europeus. Mas uma análise genética revela agora que houve populações que
desembarcaram naquele continente, vindas do subcontinente indiano, há
uns 4000 anos, trazendo com elas novas tecnologias, novas espécies
animais – e misturando-se com os aborígenes australianos.
Irina Pugach e colegas, do Instituto Max Planck, na Alemanha, publicam esta
conclusão na edição desta semana da revista norte-americana Proceedings
of the National Academy of Sciences (PNAS). Os cientistas analisaram
perto de meio milhão de mutações genéticas pontuais distribuídas pelos
genomas de pessoas que vivem hoje na Austrália, Nova Guiné, ilhas do
Sudeste asiático e Índia.
Encontraram,
por um lado, uma origem comum entre as populações da Austrália, da Nova
Guiné e das Filipinas (mais precisamente os mamanwas), que coincide
temporalmente com uma migração ancestral, para sul, dos primeiros
humanos a partir de África. Estas populações ter-se-ão diferenciado
geneticamente há cerca de 36 mil anos.
Mas
a análise também revelou que houve contactos entre nativos da Austrália
e da Índia há 141 gerações, que somam 4230 anos, explica a PNAS, se se
considerar que uma nova geração surge de 30 em 30 anos. Esta migração,
que é, portanto, muito mais recente do que a migração ancestral – e ao
mesmo tempo muito mais antiga do que a dos europeus –, permite explicar
uma série de mudanças que surgiram, precisamente há vários milénios, nos
achados arqueológicos do continente australiano. “É provável que as
mudanças, que incluem uma modificação repentina das técnicas de
processamento das plantas, das ferramentas de pedra utilizadas e ainda o
aparecimento dos primeiros fósseis de dingo [uma espécie de cão
selvagem] estejam relacionadas com essa migração”, diz Pugach em
comunicado da sua instituição.
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