No
vale do Limpopo
Chineses desalojam 80 mil pessoas para projecto Wambao
Agriculture
Maputo (Canalmoz) - O Governo de Moçambique concedeu
20.000 hectares de terra a uma empresa chinesa denominada “Wambao
Agriculture”, para exploração de arroz durante um período de 50
anos.
Esta área corresponde a
22% do total da área irrigável do Baixo Limpopo, província de
Gaza. Com esta concessão, cerca de 80 mil pessoas
deverão abandonar as suas terras.
A empresa agora está a
invadir as zonas de Hluvucaze, Languene e Gumbane que não faziam parte do
projecto, e as populações dos cinco (5) bairros do posto administrativo de
Chicumbane, ficaram sem terra para praticar agricultura e pastar os seus gados.
Temem ainda que as ocupações prossigam para outras áreas das comunidades. Não há
informação disponibilizada para as comunidades pelo Governo. As pessoas estão apenas a assistir as suas
terras a serem ocupadas.
Empresa drena água salgada ao rio Limpopo
De acordo com mestre em
Estudos de Desenvolvimento do Fórum de Organizações Nacionais de Gaza, FONGA,
Anastácio Matavel, num futuro próximo haverá seca severa no Regadio do Baixo
Limpopo. O especialista explicou que muitos dos grandes rios de Moçambique, tais
como Limpopo, dos Elefantes, Incomáti, Save, Zambeze
e outros estarão muito poluídos. “As pessoas não poderão beber essa água, até
mesmo lavar as mãos nessas águas, elas serão infectadas. A única solução é
contar com água de chuva e superficiais ou alimentadas por geleiras. Já morreram
três cabeças de gado”, nas regiões ribeirinhas, disse
Matavel.
Segundo Matavel, as
negociações realizadas com as autoridades e empresas para a entrega de terras
foram criticadas pelas populações. Afirma-se que foram realizadas sem
informações transparentes e verdadeiras sobre as implicações dos
contratos.
As populações das zonas
da implantação do projecto chinês não sabem o que acontecerá com o seu gado em
termos de água para beber nem onde vão praticar agricultura. “Também existem
pessoas com gado cujas pastagens foram afectadas mas que não se opõem ao
projecto dos chineses. Só exigem um pagamento justo pelo uso da terra, obtendo
assim um lucro adicional aos obtidos por suas actividades agrícolas. Isto tem
causado conflitos dentro das comunidades: os que apoiam contra os que repudiam o
megaprojecto dos chineses”, referiu o representante das ONGs da província de
Gaza.
Matavel disse ainda que o projecto em implementação está escrito em
chinês, vai ser traduzido em inglês e depois em português. Só mais
tarde será conhecido pelas comunidades locais. “Estes receios foram manifestados
pela população e funcionários das instituições do Estado que receiam um futuro
de ânimos exacerbados”, disse.
No projecto vão trabalhar 1.000 chineses em diferentes etapas, este a
ser implementado em 3 fases principais, sendo uma média de 6.667ha por ano,
totalizando 20.000ha em 3 anos. A partir de 2016 vai operar a
100%.
(Arcénia
Nhacuahe)
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