Os deputados Hobbit
Por estes dias ouço, à mesa do
café, que os deputados regionais tornaram-se numa raça esquisita
que não querem trabalhar.
De nada valem as minhas explicações
sobre o trabalho das comissões parlamentares, pouco conhecido, é
certo, mas que ocupa, ao que parece, muitos dos deputados, no período
em que não há plenário.
Por mais que alguém se esforce em
defesa do parlamentarismo regional, a verdade é que as gentes destas
ilhas, no intervalo da “Gabriela”, têm como principal desporto
malhar na deputação de cá e de lá.
Deveriam os nossos deputados
melhorar esta imagem junto da população?
Claro que sim.
Então o que fizeram no início
desta nova legislatura?
Meteram férias!
Trabalharam 15 dias em plenário,
fazem gazeta durante o mês de Dezembro e voltam à actividade no
dia... 15 de Janeiro!
E desta vez não vale a pena
argumentar com o trabalho das comissões.
É que a própria Presidente do
parlamento veio, desastradamente, explicar o motivo das “férias”
forçadas: “Não houve tempo de preparar matéria para ir a
plenário”!
Uma casa que gasta 12 milhões de
euros por ano não teve tempo para preparar matéria para levar a
plenário?
Então só vem dar razão aos que
defendem a redução do número de deputados e dos seus vencimentos.
Bonito exemplo para os que labutam
diariamente, de manhã até à noite, no meio de tantas dificuldades,
e que têm de apresentar matéria todos os dias para laborar.
Já imaginaram os professores não
darem aulas porque não tiveram tempo para preparar a matéria?
Já imaginaram os médicos deixarem
de operar porque não tiveram tempo para preparar o material?
Já imaginarem os jornalistas não
darem notícias porque não tiveram tempo para recolher a matéria?
Os deputados deveriam estar, todos,
em plenário neste mês de Dezembro, porque quando estão
desocupados, fazem ou dizem as coisas mais absurdas.
Por exemplo, acabo de ler algures
que um deputado do Pico propôs “um governo para cada ilha”!
E para cada concelho, não seria
mais prático? E porque não para cada freguesia?
Já há uns tempos atrás, um
candidato à liderança nacional do PSD foi ao Pico propor a
construção de um túnel entre aquela ilha e o Faial...
Há inspirações que não deviam
passar dos muros vaporizados das adegas do Pico.
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JÁ VAI TARDE I – A Universidade dos
Açores enviou uma carta ao Ministério da Educação a informar que
encerrará as portas se não receber financiamento até Fevereiro. Se
eu fosse o Ministro, responderia como de professor para aluno: “Não
tomas juízo, não te reorganizas, não estudas, mereces ser
chumbado!”.
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JÁ VAI TARDE II – Vasco Cordeiro foi
aos EUA pedir para que o choque na Base das Lajes não seja altamente
voltaico. Se eu fosse Obama, responderia como de pai para filho:
“Chegaste tarde e a más horas, agora vais de castigo!”.
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JÁ VAI TARDE III – Afinal os
pescadores de Rabo de Peixe sempre tinham razão.
As obras no porto daquela vila nunca
poderiam resultar como, teimosamente, os políticos quiseram.
Já lá vão uns bons milhões ali
enterrados e começa a ser um sintoma doentio enterrar os nossos
impostos em mamarrachos, cujo maior exemplo continua a ser o fúnebre
Casino, as Termas das Furnas e a Biblioteca de Angra.
Nunca mais aprendem!
Pico da Pedra, Dezembro 2012
Osvaldo Cabral
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