Português potencia crescimento dos negócios
Em Angola a língua é uma vantagem
D.R.
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"A atividade linguística desenvolve-se com o crescimento das economias dos países", defende Luís Reto, reitor do ISCTE-IUL. Veja-se o caso da China: com os olhos postos nas relações comerciais com os países da lusofonia, e o Brasil; há cada vez mais pessoas a aprender a falar português.
Ana Paula Laborinho, presidente do Instituto Camões, que encomendou o estudo, diz que cerca de 160 mil pessoas de países não lusófonos estão a aprender português. A língua "não pode ajudar de imediato o país", adverte Luís Reto, mas "irá contribuir à medida que os laços comerciais se forem desenvolvendo". Para tal, há que investir numa "política da língua em relação a países que não falam o português".
"A proximidade linguística tem um impacto quase nulo nas importações" de Portugal, enquanto os países de língua oficial portuguesa absorvem cerca de 8% das exportações nacionais, devido "ao peso de Angola". No comércio externo, surgem como fatores relevantes "a proximidade geográfica e a integração económica".
Brasil e Angola têm, na verdade, um peso significativo, representando 17% das saídas de investimento direto de Portugal, refere o estudo. Do mesmo modo "à entrada se verifica um peso superior ao natural do investimento direto, oriundo principalmente do Brasil e Angola - 5,7% em 2010".
Isto além das indústrias culturais e criativas - "mais diretas" -, que para Luís Reto são um importante instrumento de criação de riqueza e emprego; e o turismo e fluxos migratórios, ambos influenciados também por fatores linguísticos.
A língua portuguesa tem hoje 250 milhões de falantes, que representam 3,7% da população mundial e 4% da riqueza total. Os oito países de língua oficial portuguesa ocupam 10,8 milhões de quilómetros quadrados, cerca de 7,25% da superfície da Terra. E não menos importante, a língua pesa 17% no PIB português.
4 perguntas a... Ana Paula Laborinho, presidente do Instituto Camões
"Falantes do português estão a crescer na China"
Que conclusões destaca deste estudo?
Que há uma ligação entre a língua e a rota dos negócios. Brasil e Angola representam 17% das saídas de investimento direto de Portugal. Usámos o mesmo método do estudo para Espanha, em que o castelhano surge como o "petróleo" do país.
O estudo aponta para um número crescente de falantes de português. Como é possível?
Este estudo é o início. Vim agora de Pequim, na China, onde o número de falantes do português está a crescer, porque existe esta noção da relação estreita entre a língua e os negócios.
Com Portugal ou com mercados maiores como Brasil?
Sim, mas também com África. Mas a língua implica também outras relações, nomeadamente às áreas de conteúdos editoriais e de entretenimento ou até às telecomunicações. Juntar e internacionalizar editoras, por exemplo. A língua assume um lado virtual e de ciência, esta ainda incipiente, mas o estudo é o primeiro passo. No Facebook, o português é já a 3.ª língua.
Que fazer para que a língua portuguesa ganhe dimensão?
É preciso uma política de ensino. Há uma grande procura internacional de professores. A China está a apostar forte no Brasil e na África lusófona. São países que estão a crescer. Não compete ao Estado fazer tudo, mas mostrar caminhos e abrir portas.
http://www.dinheirovivo.pt/Economia/Artigo/CIECO075205.html?page=0
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