A informação consta de uma carta enviada pelo reitor, Jorge Medeiros, ao ministro da educação, Nuno Crato.
O documento explica que há um buraco de quase três milhões de euros entre as receitas e as despesas previstas para 2013.
A Universidade dos Açores receberá 12,2 milhões de euros do Orçamento Geral de Estado, as propinas deverão render cerca de 3,7 milhões e não estão previstas receitas de prestação de serviços.
Nas despesas, o peso dos vencimentos é de quase 17 milhões de euros, o funcionamento custa 1,8 milhões e os empréstimos mobilizam 400 mil euros em 2013.
Antena 1 Açores
, osvaldo.cabral wrote:
Há muito tempo que se sabia que a Universidade dos Açores
tinha que se regenerar.
Os seus responsáveis deixaram arrastar a situação e agora
estão com a bomba a rebentar-lhes nas mãos, sem saber o que
fazer.
Há muito que a UA deveria ter aberto um debate sobre o seu
futuro e o papel da região no mesmo.
Em Outubro, chamei a atenção no seguinte artigo nos jornais:
Salvar a Universidade
É curioso que, 37 anos depois da
nova Autonomia, dois dos seus principais pilares estejam hoje
ameaçados pela sustentabilidade: a Universidade e a
RTP-Açores.
Sobre o futuro da televisão,
reflectiremos nos próximos dias. Dediquemo-nos agora à
Universidade.
É inegável que a Universidade
dos
Açores constitui, hoje, o motor regional do conhecimento, da
investigação e da formação.
A academia açoriana tem dado um
contributo impagável à fixação de jovens e à qualificação dos
nossos recursos humanos (90% dos seus alunos são açorianos).
Sendo uma instituição
estratégica
no nosso modelo autonómico, a Região não pode voltar as costas
aos
problemas da Universidade dos Açores, sem menosprezar a sua
autonomia académica.
E os problemas, pelo que vamos
assistindo, são graves.
Começando pelo seu
financiamento, a
Universidade vai perder no próximo ano mais de meio milhão de
euros
nas transferências do Estado e vai ter que pagar, a breve
trecho,
400 mil euros de um empréstimo contraído ao Ministério das
Finanças.
Certamente que a Região não
deixará que problemas de subfinanciamento afectem o
funcionamento e
a qualidade da Universidade, mas a nossa academia também terá
que
fazer um esforço para se reestruturar e adaptar-se à nova
realidade
deste tempo.
É preciso que a Universidade dos
Açores se envolva mais com a sociedade, a fim de percebermos e
nos
envolvermos no apoio ao seu funcionamento.
A Universidade deveria
esclarecer, a
todos nós contribuintes, qual a estratégia que pretende
assumir
para a sua sobrevivência e como resolve inúmeros problemas de
gestão – exploração e investimentos -, para os quais só se
ouvem interrogações e grandes preocupações.
São muitas as questões que a UA
deveria esclarecer publicamente e explicar, serenamente, do
que
precisa para resolvê-las.
Eis uma lista delas:
-
A UA tem uma estratégia a curto ou longo prazo para o seu funcionamento? Qual? Como vai aplicá-la?
-
O “Plano Estratégico de Desenvolvimento da UA para o período 2012-2015” que encomendou está a ser aplicado? Com que resultados?
-
Os problemas financeiros da UA são de exploração ou de investimento?
-
Quanto custa a tripolaridade? Ela está adaptada a esta situação de restrições? Há ou não sobreposições nos 3 pólos?
-
A construção do novo pólo de Angra está na base dos problemas financeiros da UA? Em que dimensão e que erros se cometeram?
-
Quais são os resultados das inúmeras investigações das várias unidades orgânicas? Elas gerem receitas?
-
É verdade que as verbas destinadas aos projectos de investigação são desviados para pagar custos fixos?
-
Como e onde são aplicadas as verbas do IMAR e da Fundação Gaspar Frutuoso?
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A UA tem recorrido a parcerias com empresas e ao financiamento europeu?
-
É verdade que há professores que não trabalham, mas recebem o ordenado no fim do mês?
-
É verdade que foram organizados cursos apenas para não dispensar professores?
-
A UA tem cursos a mais? Estão todos adaptados ao mercado de trabalho ou está-se a formar jovens para o desemprego certo?
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Há alunos que estão a abandonar a Universidade porque não lhes resolvem os problemas e até são obrigados a comprar materiais para os seus trabalhos?
-
É verdade que a maioria dos alunos que ingressam na UA são oriundas de famílias com menores rendimentos? Metade dos matriculados recorrem a bolsas? Que respostas a UA dá a estes alunos em dificuldades?
-
As várias unidades orgânicas da UA são tratadas por igual ou as que melhor gerem os seus departamentos são incentivadas e premiadas? E aos que gerem mal, o que acontece?
Estas são apenas algumas das
preocupações do cidadão comum.
Este contexto de restrição
orçamental não pode servir de desculpa para entraves
tradicionais
que impedem a melhoria dos índices de desempenho da nossa
Universidade.
Há que reformular atitudes,
acabar
com “capelinhas”, desmantelar teias instaladas e impor
soluções
inovadoras e corajosas em toda a actividade académica.
Deixar o problema arrastar-se, é
pôr em causa a nossa própria Autonomia.
Pico da Pedra, Outubro 2012
Osvaldo Cabral
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