segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

ao1990 engenharia política?


Acordo Ortográfico é uma "engenharia política" que empobrece o português
Acordo Ortográfico é uma "engenharia política" que empobrece o português

“Uma sociedade que tem dificuldades em exprimir pensamentos complexos, que tem dificuldades em usar de forma criadora a sua própria língua, uma sociedade que fala como se enviasse mensagens no Twitter ou SMS, portanto de uma forma mais ou menos gutural, perde a sua riqueza e o acordo ortográfico acelera esse processo”.

01-02-2013
O acordo ortográfico, que está no centro das preocupações em relação ao futuro do português, é uma medida de engenharia política que provoca o empobrecimento da Língua Portuguesa, disse hoje, em Lisboa, José Pacheco Pereira.
“O acordo ortográfico é a típica medida de engenharia política. É a ideia de que, a partir da política, pode-se moldar a língua, moldando, neste caso, a grafia”, declarou Pacheco Pereira.
O ex-deputado do PSD fez estas declarações à margem da conferência “A Sociedade Civil no Plano de Ação de Brasília”, na Academia das Ciências de Lisboa, evento que abordou o envolvimento da sociedade civil na promoção e divulgação da Língua Portuguesa no mundo.
“Do meu ponto de vista, isso (o acordo ortográfico) é muito empobrecedor em relação à riqueza do português”, referiu o também comentador político.
De acordo com Pacheco Pereira, está-se a “assistir ao empobrecimento sucessivo do português, por problemas de leitura, porque o vocabulário circulante é cada vez menor”.
“Uma sociedade que tem dificuldades em exprimir pensamentos complexos, que tem dificuldades em usar de forma criadora a sua própria língua, uma sociedade que fala como se enviasse mensagens no Twitter ou SMS, portanto de uma forma mais ou menos gutural, perde a sua riqueza e o acordo ortográfico acelera esse processo”, acrescentou o ex-deputado.
“O acordo está a ser empurrado pela maior das forças, que é a inércia. Está a ser introduzido no ensino, nos órgãos de comunicação social um bocado à revelia, esta força da inércia é muito grande e vai abastardar a língua portuguesa”, sublinhou Pacheco Pereira.
Por seu lado, a presidente do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, Ana Paula Laborinho, sublinhou que o acordo ortográfico está a ser aplicado, com maior ou menor rapidez, dependendo de questões internas de cada um dos países lusófonos.
Ana Paula Laborinho disse ainda que existe muita desinformação sobre o prolongamento do prazo de transição para a adoção do acordo ortográfico no Brasil, “já que foi somente isso mesmo, uma extensão do prazo (de 2013 para 2016), mas isso não quer dizer que já não esteja a ser aplicado”.
O Governo brasileiro decidiu pelo prolongamento da transição do acordo ortográfico em dezembro. O prazo de adoção do acordo em Portugal é em 2015.
Ana Paula Laborinho declarou ainda que há um crescente interesse internacional pelo português, nomeadamente na África Austral, como na Namíbia e Senegal, e na Ásia, sobretudo na China.
“É preciso políticas públicas (para a promoção do português), mas também o envolvimento da sociedade civil, para que esta realidade se mantenha. As línguas não vivem por si eternamente, é preciso também desenvolver esforços no sentido de mantê-la num patamar de língua global”, avaliou ainda a presidente do instituto Camões.
Carla Oliveira, professora da Universidade Aberta, considerou, durante o evento, que “falta uma política internacional de promoção do português coerente e sustentada, que a coloque no mesmo nível do inglês, seja para o mundo dos negócios, no ensino e em outras áreas”.
A docente universitária acredita que é tarefa do Estado coordenar o ensino e promoção do português, porém deve haver um envolvimento significativo da sociedade civil neste processo.
Ana Paula Laborinho referiu ainda que a realização da “II Conferência Internacional sobre a Língua Portuguesa no Sistema Mundial” vai realizar-se, como data indicativa, em novembro, em Lisboa.
CSR // VM.
Lusa/Fim
Fotos:
Afonso Camões (D), presidente do conselho de administração da Lusa, troca impressões com José Pacheco Pereira momentos antes do debate " A língua Portuguesa na comunicação social" no âmbito da Conferência "A Sociedade Civil no Plano de Ação de Brasília" na Academia das Ciências de Lisboa, em Lisboa, 31 de janeiro de 2013. JOAO RELVAS/LUSA

Afonso Camões usa da palavra no debate " A língua Portuguesa na comunicação social" no âmbito da Conferência "A Sociedade Civil no Plano de Ação de Brasília", 31 de janeiro de 2013. JOAO RELVAS/LUSA


http://observatorio-lp.sapo.pt/pt/noticias/empobrece-o-portugues

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