Sai um político com factura, s.f.f.!
Anda meio mundo escandalizado com a
lasanha de carne de cavalo.
A verdade é que já nos habituamos
a comer gato por lebre, coisa muito vulgar em política.
Quando o eleitorado foi ao
supermercado político escolher a nova governação, o que vinha lá
rotulado tinha alguma coisa com aquilo que “comemos” hoje?
Acho muito bem que toda a gente se
preocupe com a qualidade e controlo dos produtos alimentares, mas
parece-me que a região, o país e a europa deveriam preocupar-se
muito mais com a qualidade dos políticos que temos.
A saúde pública ficaria mais
agradecida se os políticos fossem mais sérios nas suas motivações
e se deixassem de cozinhados que enchem os cidadãos de toxinas.
Comecem por procurar um antibiótico
para o desemprego e verão como a saúde dos portugueses irá
respirar melhor.
O fenómeno tira-lhes o sono? Pois
que não dormissem na forma.
Um governo que não atina com as
previsões económicas e que, ainda por cima, desvaloriza os desvios,
merecia comer lasanha de cavalo todos os dias.
Outro governo que não atina com a
política de turismo e não é capaz de perceber que o sector vai
continuar estrangulado enquanto não fizer uma revolução no
tarifário da SATA, devia ter como castigo empacotar a lasanha da
Findus.
Não há palavras que descrevam o
discurso político do “antes” e do “depois” dos momentos
eleitorais.
A visão idílica das pré-campanhas
torna-se sempre num inferno depois da posse.
A política precisa de
credibilidade, que se perdeu por culpa dos políticos.
A Autonomia deixou de o ser há
muito, porque os cidadãos foram-se afastando do projecto.
Não há poder de mobilização em
parte nenhuma, muito menos quando os políticos apelam à austeridade
e ao rigor, mas quando toca a reduzir deputados no parlamento
regional ou nacional, a cortar nas mordomias e nas festas de lacinho,
alto e pára o baile porque estão a mexer-lhes em direitos quase
adquiridos.
Já ninguém acredita nesta gente.
Na europa temos líderes sem
carisma e sem competência, em Portugal tivemos um Sócrates que nos
enterrou, temos agora Passos Coelho como desastre (acompanhado pela
vergonha do Relvas), um Seguro que é cada vez mais uma incerteza, um
António Costa sem coragem, um regulador como Vitor Constâncio que
foi do piorio que aconteceu ao nosso desastre e foi promovido... como
é que devemos acreditar nesta gente?
Não admira que se volte a ouvir
por aí o Grândola Vila Morena.
Por enquanto o povão vai cantando.
Mas um dia destes, a continuarmos
nesta podridão, irá passar a factura.
Com IVA e tudo... e em
contabilidade simplificada.
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CORAGEM I– Este desencanto das novas
gerações com os políticos e políticas do presente teve um
episódio épico na reunião da Internacional Socialista, em Cascais,
no Hotel Miragem.
Beatriz Talégon, secretária-geral
da Juventude Internacional Socialista, começou o seu discurso
improvisado assim: “Como se pode liderar uma revolução a partir
de um hotel de 5 estrelas em Cascais, chegando em carros de luxo?”.
Imagine-se a cara dos seus colegas
líderes socialistas europeus.
Imagine-se se alguém se atrevesse
a dizer uma coisa destas na nossa paróquia.
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CORAGEM II – Critiquei aqui a atitude
dos deputados do PSD-Açores na Assembleia da República aquando da
votação do Orçamento de Estado. É de justiça elogiar, agora, a
atitude perante as alterações da Lei de Finanças Regionais,
votando contra a orientação geral da bancada.
Para que a cereja fosse colocada em
cima do bolo, só faltou que um dos três deputados – pelo menos um
– pedisse a palavra e dissesse de sua justiça porque razão os
Açores estão contra aquele aborto.
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MEDALHAS – A condecoração a Carlos
César, mesmo que justa, é outro exemplo da hipocrisia polítca que
vai nesta república. Alguém acredita nas boas intenções de Cavaco
Silva neste gesto? Claro que é uma mera formalidade política.
Como diria Jorge Cabral, já ninguém
acredita nos penduricalhos de lata deste país.
E a região vai pelo mesmo caminho.
Pico da Pedra, Fevereiro 2013
Osvaldo Cabral
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