terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

sai um político com fatura


Sai um político com factura, s.f.f.!

Anda meio mundo escandalizado com a lasanha de carne de cavalo.
A verdade é que já nos habituamos a comer gato por lebre, coisa muito vulgar em política.
Quando o eleitorado foi ao supermercado político escolher a nova governação, o que vinha lá rotulado tinha alguma coisa com aquilo que “comemos” hoje?
Acho muito bem que toda a gente se preocupe com a qualidade e controlo dos produtos alimentares, mas parece-me que a região, o país e a europa deveriam preocupar-se muito mais com a qualidade dos políticos que temos.
A saúde pública ficaria mais agradecida se os políticos fossem mais sérios nas suas motivações e se deixassem de cozinhados que enchem os cidadãos de toxinas.
Comecem por procurar um antibiótico para o desemprego e verão como a saúde dos portugueses irá respirar melhor.
O fenómeno tira-lhes o sono? Pois que não dormissem na forma.
Um governo que não atina com as previsões económicas e que, ainda por cima, desvaloriza os desvios, merecia comer lasanha de cavalo todos os dias.
Outro governo que não atina com a política de turismo e não é capaz de perceber que o sector vai continuar estrangulado enquanto não fizer uma revolução no tarifário da SATA, devia ter como castigo empacotar a lasanha da Findus.
Não há palavras que descrevam o discurso político do “antes” e do “depois” dos momentos eleitorais.
A visão idílica das pré-campanhas torna-se sempre num inferno depois da posse.
A política precisa de credibilidade, que se perdeu por culpa dos políticos.
A Autonomia deixou de o ser há muito, porque os cidadãos foram-se afastando do projecto.
Não há poder de mobilização em parte nenhuma, muito menos quando os políticos apelam à austeridade e ao rigor, mas quando toca a reduzir deputados no parlamento regional ou nacional, a cortar nas mordomias e nas festas de lacinho, alto e pára o baile porque estão a mexer-lhes em direitos quase adquiridos.
Já ninguém acredita nesta gente.
Na europa temos líderes sem carisma e sem competência, em Portugal tivemos um Sócrates que nos enterrou, temos agora Passos Coelho como desastre (acompanhado pela vergonha do Relvas), um Seguro que é cada vez mais uma incerteza, um António Costa sem coragem, um regulador como Vitor Constâncio que foi do piorio que aconteceu ao nosso desastre e foi promovido... como é que devemos acreditar nesta gente?
Não admira que se volte a ouvir por aí o Grândola Vila Morena.
Por enquanto o povão vai cantando.
Mas um dia destes, a continuarmos nesta podridão, irá passar a factura.
Com IVA e tudo... e em contabilidade simplificada.
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CORAGEM I– Este desencanto das novas gerações com os políticos e políticas do presente teve um episódio épico na reunião da Internacional Socialista, em Cascais, no Hotel Miragem.
Beatriz Talégon, secretária-geral da Juventude Internacional Socialista, começou o seu discurso improvisado assim: “Como se pode liderar uma revolução a partir de um hotel de 5 estrelas em Cascais, chegando em carros de luxo?”.
Imagine-se a cara dos seus colegas líderes socialistas europeus.
Imagine-se se alguém se atrevesse a dizer uma coisa destas na nossa paróquia.
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CORAGEM II – Critiquei aqui a atitude dos deputados do PSD-Açores na Assembleia da República aquando da votação do Orçamento de Estado. É de justiça elogiar, agora, a atitude perante as alterações da Lei de Finanças Regionais, votando contra a orientação geral da bancada.
Para que a cereja fosse colocada em cima do bolo, só faltou que um dos três deputados – pelo menos um – pedisse a palavra e dissesse de sua justiça porque razão os Açores estão contra aquele aborto.
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MEDALHAS – A condecoração a Carlos César, mesmo que justa, é outro exemplo da hipocrisia polítca que vai nesta república. Alguém acredita nas boas intenções de Cavaco Silva neste gesto? Claro que é uma mera formalidade política.
Como diria Jorge Cabral, já ninguém acredita nos penduricalhos de lata deste país.
E a região vai pelo mesmo caminho.

Pico da Pedra, Fevereiro 2013
Osvaldo Cabral

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