Tiros de pólvora seca
A bernarda que vai no PS nacional
pode vir a ter reflexos nos Açores.
Que Carlos César tenha uma
admiração – e justa ambição para outros voos – por António
Costa, está no seu pleno direito, mas envolver todo o PS dos Açores
e o líder da governação, Vasco Cordeiro, é jogada muito
arriscada.
Foi notória a provocação no
Congresso do PS-Açores na cidade da Horta, que António José Seguro
certamente não se esquecerá.
Já todos percebemos que, no PS
nacional, cheira a poder.
Quem quer que esteja à frente da
estrutura socialista, vai ser seguramente o próximo
primeiro-ministro.
A “entourage” de António Costa
começa a ficar preocupada ao vislumbrar que o cargo vai cair nos
braços de António José Seguro, sem que tenha que fazer muito por
isso.
Era preciso fazer alguma coisa para
substitui-lo por António Costa, até mesmo com o apoio da “tralha
socrática”.
Só que o tiro foi de pólvora seca.
António Costa, num registo que lhe
é habitual como político, hesita sempre à última da hora,
deixando muita gente em estado de orfandade.
Se José Seguro for eleito
primeiro-ministro, como tudo indica, o relacionamento com os Açores
poderá não ser tão profícuo como todos queremos que seja.
Seguro poderá deixar Vasco Cordeiro
à porta de S. Bento, como este deixou-o pendurado no aeroporto da
Horta.
É por isso que o Presidente do
Governo não se deve deixar enredar nestas disputas de grupos
internos.
Os Açores têm que estar primeiro e
à frente dos partidos.
Deixe estas guerras para os outros,
para os que estão habituados nestas andanças de se apunhalarem
pelas costas uns aos outros.
António Costa perdeu esta guerra e
a região não se deveria envolver nela.
Como escreveu o cronista Daniel
Oliveira no “Expresso”: “Toda esta novela de António Costa,
toda esta indecisão, toda esta falta de clareza, obrigam-nos a
pensar se ele tem o que o próximo primeiro-ministro precisa de ter.
Em bom português: tomates”.
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ESCÂNDALOS – Anda toda a gente
escandalizada com a nomeação de Franquelim Alves, dirigente do
ex-BPN, para Secretário de Estado. Com razão.
Mas não se escandalizaram com a
nomeação de Vitor Constâncio para Vice-Presidente do Banco Central
Europeu? O tal que, como governador do Banco de Portugal, não viu
nada no BPN, não auditou, não descobriu nada, não regulou, e ainda
foi “chutado” para cima?
E ninguém se escandaliza com a
nomeação do ex-Secretário Regional da Saúde para administrador
dos portos da Terceira e Graciosa? O tal que deixou o sector em
pantanas e continua a administrar a coisa pública?
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FALHANÇOS – Raghuram Rajan é um
reputado economista internacional, Professor de Finanças na Escola
de Administração Booth da Universidade de Chicago e conselheiro
económico principal do Ministério das Finanças da Índia.
Ele escreveu o seguinte na sua
última crónica internacional: “A pior coisa que os governos nos
países desenvolvidos podem fazer para combater a crise é financiar
empresas inviáveis ou sustentar a procura em indústrias inviáveis
através do crédito fácil”.
Acham que ele visitou os Açores nos
últimos tempos?
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TABICO – Morreu António Tabico. Era
o canadiano mais açoriano que conheci até hoje. Vivia em Toronto,
mas era como se estivesse nos Açores. O seu restaurante era
tipicamente açoriano, as suas cantigas ao desafio eram sempre em
homenagem aos Açores, trouxe inúmeros canadianos para fazer turismo
na região e fundou o grupo de romeiros que se deslocava todos os
anos do Canadá em romaria de saudade.
A Região, como vem sendo timbre com
os seus emigrantes, pagou-lhe com longas facturas de viagens na SATA
que custam os olhos da cara.
É a sina da diáspora.
Pico da Pedra, Fevereiro 2012
amigos açorianos
há feridas antigas que ainda estão em carne viva mais de 35 anos depois...umas foram feitas em combates ideológicos e outros aqui nos Açores, outras em Timor onde já depois do 25 de abril me tentaram desterrar para a frente de combate em Moçambique, e tanta outra coisa que não foi sarada o suficiente para entrar no ChrónicAçores...Foram tempos alterosos aqui nos Açores e lá longe em Timor e nunca o tempo sarará tais feridas, uns mais feridos que outros mas todos por curar que o tempo por vezes é curto demais para a profundidade gravidade dos ferimentos. Fiz os meus exorcismos e catarses em relação a Timor que culminaram agora na edição em CD-livro de mais de 3760 páginas, e posso prosseguir em frente ... mas os males do país onde nasci são comuns a Timor e Açores, não desapareceram com o arremedo de democracia de 3 décadas e meia, e deram lugar a esta sabujice do FMI, troica e neoliberalismo selvagem que de todos quer fazer escravos não-pensantes
...olho em volta e nem sequer conto espingardas...também não estou pronto para por no papel todos os sentimentos que ainda me assolam...os dois livros ChrónicAçores foram o ponto de partida e a discussão intelectual partirá daí conjugada com as obras completas em poesia que irei apresentar em março na Maia. é a minha forma de lutar contra a apatia, o esquecimento da história recente, os paternalismos e o mero olvido. respeito as opções dos outros e exijo reciprocidade sem conselhos que não pedi nem sugestões ...luto à minha moda e nem açoriano de nascença sou (isso era um requisito essencial???) para que o arquipélago não seja uma fábrica de corpos como balas de canhão a exportar para outras guerras e países, antes se erga altivoe orgulhosos nos escritos dos seus homens e mulheres obnubilados de tudo e de todos nesta voragem portuguesa de nunca reconhecer os seus a menos que venham envoltos em brilhante folha de Flandres com reflexos dourados da estranja...
amigos açorianos
há feridas antigas que ainda estão em carne viva mais de 35 anos depois...umas foram feitas em combates ideológicos e outros aqui nos Açores, outras em Timor onde já depois do 25 de abril me tentaram desterrar para a frente de combate em Moçambique, e tanta outra coisa que não foi sarada o suficiente para entrar no ChrónicAçores...Foram tempos alterosos aqui nos Açores e lá longe em Timor e nunca o tempo sarará tais feridas, uns mais feridos que outros mas todos por curar que o tempo por vezes é curto demais para a profundidade gravidade dos ferimentos. Fiz os meus exorcismos e catarses em relação a Timor que culminaram agora na edição em CD-livro de mais de 3760 páginas, e posso prosseguir em frente ... mas os males do país onde nasci são comuns a Timor e Açores, não desapareceram com o arremedo de democracia de 3 décadas e meia, e deram lugar a esta sabujice do FMI, troica e neoliberalismo selvagem que de todos quer fazer escravos não-pensantes
...olho em volta e nem sequer conto espingardas...também não estou pronto para por no papel todos os sentimentos que ainda me assolam...os dois livros ChrónicAçores foram o ponto de partida e a discussão intelectual partirá daí conjugada com as obras completas em poesia que irei apresentar em março na Maia. é a minha forma de lutar contra a apatia, o esquecimento da história recente, os paternalismos e o mero olvido. respeito as opções dos outros e exijo reciprocidade sem conselhos que não pedi nem sugestões ...luto à minha moda e nem açoriano de nascença sou (isso era um requisito essencial???) para que o arquipélago não seja uma fábrica de corpos como balas de canhão a exportar para outras guerras e países, antes se erga altivoe orgulhosos nos escritos dos seus homens e mulheres obnubilados de tudo e de todos nesta voragem portuguesa de nunca reconhecer os seus a menos que venham envoltos em brilhante folha de Flandres com reflexos dourados da estranja...
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