quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

tiros de pólvora seca

crónica de osvaldo cabral ex diretr da RTP Açores

Tiros de pólvora seca

A bernarda que vai no PS nacional pode vir a ter reflexos nos Açores.
Que Carlos César tenha uma admiração – e justa ambição para outros voos – por António Costa, está no seu pleno direito, mas envolver todo o PS dos Açores e o líder da governação, Vasco Cordeiro, é jogada muito arriscada.
Foi notória a provocação no Congresso do PS-Açores na cidade da Horta, que António José Seguro certamente não se esquecerá.
Já todos percebemos que, no PS nacional, cheira a poder.
Quem quer que esteja à frente da estrutura socialista, vai ser seguramente o próximo primeiro-ministro.
A “entourage” de António Costa começa a ficar preocupada ao vislumbrar que o cargo vai cair nos braços de António José Seguro, sem que tenha que fazer muito por isso.
Era preciso fazer alguma coisa para substitui-lo por António Costa, até mesmo com o apoio da “tralha socrática”.
Só que o tiro foi de pólvora seca.
António Costa, num registo que lhe é habitual como político, hesita sempre à última da hora, deixando muita gente em estado de orfandade.
Se José Seguro for eleito primeiro-ministro, como tudo indica, o relacionamento com os Açores poderá não ser tão profícuo como todos queremos que seja.
Seguro poderá deixar Vasco Cordeiro à porta de S. Bento, como este deixou-o pendurado no aeroporto da Horta.
É por isso que o Presidente do Governo não se deve deixar enredar nestas disputas de grupos internos.
Os Açores têm que estar primeiro e à frente dos partidos.
Deixe estas guerras para os outros, para os que estão habituados nestas andanças de se apunhalarem pelas costas uns aos outros.
António Costa perdeu esta guerra e a região não se deveria envolver nela.
Como escreveu o cronista Daniel Oliveira no “Expresso”: “Toda esta novela de António Costa, toda esta indecisão, toda esta falta de clareza, obrigam-nos a pensar se ele tem o que o próximo primeiro-ministro precisa de ter. Em bom português: tomates”.
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ESCÂNDALOS – Anda toda a gente escandalizada com a nomeação de Franquelim Alves, dirigente do ex-BPN, para Secretário de Estado. Com razão.
Mas não se escandalizaram com a nomeação de Vitor Constâncio para Vice-Presidente do Banco Central Europeu? O tal que, como governador do Banco de Portugal, não viu nada no BPN, não auditou, não descobriu nada, não regulou, e ainda foi “chutado” para cima?
E ninguém se escandaliza com a nomeação do ex-Secretário Regional da Saúde para administrador dos portos da Terceira e Graciosa? O tal que deixou o sector em pantanas e continua a administrar a coisa pública?
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FALHANÇOS – Raghuram Rajan é um reputado economista internacional, Professor de Finanças na Escola de Administração Booth da Universidade de Chicago e conselheiro económico principal do Ministério das Finanças da Índia.
Ele escreveu o seguinte na sua última crónica internacional: “A pior coisa que os governos nos países desenvolvidos podem fazer para combater a crise é financiar empresas inviáveis ou sustentar a procura em indústrias inviáveis através do crédito fácil”.
Acham que ele visitou os Açores nos últimos tempos?
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TABICO – Morreu António Tabico. Era o canadiano mais açoriano que conheci até hoje. Vivia em Toronto, mas era como se estivesse nos Açores. O seu restaurante era tipicamente açoriano, as suas cantigas ao desafio eram sempre em homenagem aos Açores, trouxe inúmeros canadianos para fazer turismo na região e fundou o grupo de romeiros que se deslocava todos os anos do Canadá em romaria de saudade.
A Região, como vem sendo timbre com os seus emigrantes, pagou-lhe com longas facturas de viagens na SATA que custam os olhos da cara.
É a sina da diáspora.

Pico da Pedra, Fevereiro 2012



 amigos  açorianos
 há feridas antigas que ainda estão em carne viva mais de 35 anos depois...umas foram feitas em combates ideológicos e outros aqui nos Açores, outras em Timor onde já depois do 25 de abril me tentaram desterrar para a frente de combate em Moçambique, e tanta outra coisa que não  foi sarada o suficiente para entrar no ChrónicAçores...Foram tempos alterosos aqui nos Açores e lá longe em Timor e nunca o tempo sarará tais feridas, uns mais feridos que outros mas todos por curar que o tempo por vezes é curto demais para a profundidade  gravidade dos ferimentos. Fiz os meus exorcismos e catarses em relação a Timor que culminaram agora na edição em CD-livro de mais de 3760 páginas, e posso prosseguir em frente ... mas os males do país onde nasci são comuns a Timor e Açores, não desapareceram com o arremedo de democracia de 3 décadas e meia, e deram lugar a esta sabujice do FMI, troica e  neoliberalismo selvagem que de todos quer fazer escravos não-pensantes



...olho em volta e nem sequer conto espingardas...também não estou pronto para por no papel todos os sentimentos que ainda me assolam...os dois livros ChrónicAçores foram o ponto de partida e  a discussão intelectual partirá daí conjugada com as obras completas em poesia que irei apresentar em março na Maia. é a minha forma de lutar contra a apatia, o esquecimento da história recente, os paternalismos e o mero olvido. respeito as opções dos outros e exijo reciprocidade sem conselhos que não pedi nem sugestões ...luto à minha moda e nem açoriano de nascença sou (isso era um requisito essencial???) para que o arquipélago não seja uma fábrica de corpos como balas de canhão a exportar para outras guerras e países, antes se erga altivoe  orgulhosos nos escritos dos seus homens e mulheres obnubilados de tudo e  de todos nesta voragem portuguesa de nunca reconhecer os seus a menos que venham envoltos em brilhante folha de Flandres com reflexos dourados da estranja...

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