terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

judeus no Faial

Os judeus nos primordios da ocupação da ilha do Faial
 
Terra periférica, o Arquipélago dos Açores nos tempos iniciais do povoamento também foi local escolhido por famílias  cristãs-novas  para fugir às perseguições de que eram vítimas. Segundo pesquisa de Isaías da Rosa Pereira, em seu trabalho "Alguns açorianos na Inquisição de Lisboa" ( O FAIAL e a periferia açoriana nos séculos XV a XIX- Núcleo Cultural da Horta),   existe um relato documentado na Biblioteca da Ajuda ( Symicta Lusitana ) de uma pequena revolta de judeus, na Ilha do Faial, contra os demais habitantes da Ilha que os hostilizavam. Datado de 06 de janeiro de 1532, o episódio descreve a encenação que fizeram na Praça da então Vila da Horta. Armaram uma tribuna onde havia uma criança, um mascarado fingindo ser judeu e um boneco de palha . Acenderam uma fogueira e disseram à criança que mandasse queimar aquele judeu que havia cometido pecado contra a fé. Em seguida jogaram o boneco de palha na fogueira para ser queimado. Por falta de documentos, não se sabe mais acerca de outros acontecimentos.  
 
 O episódio demonstra que , claramente, havia judeus na ilha e  uma repressão psicológica sobre eles. Acredita-se que a maioria  tenha assumido a religião católica por toda essa situação conflituosa e pelos casamentos que sucederam entre os cristãos-novos e os velhos. Porém, percebe-se em certas família açorianas ( portuguesa), comportamentos e costumes  que fazem suspeitar a influência judaica sobre elas. Como o habito de, antigamente,  se eleger o sábado  como o dia da higiene, do banho geral, de vestir roupa lavada, de colocar velas ardendo até o final do dia; o costume de sangrar o animal antes de prepará-lo para comê-lo, a preferência, na alimentação, pelos peixes de escamas ( os de couro não são aceitos pelas leis dos judeus), o  atributo feminino na educação dos filhos, o dualismo na maneira de ser, isto é, dizer ou mostrar uma coisa na aparência e pensar ou ser outra por dentro, jurar pela alma de alguém ( rito judaico), pagar a siza ( Sizah do hebraico ), o emprego de palavras que fazem lembrar a história judaica, como judiar e massada ( fortaleza de Massada onde pereceram 800 judeus). Muitos são os hábitos e costumes que nos recordam que, em tempos passados,  também tivemos a contribuição marcante da presença judaica na formação da nação portuguesa.  
 
Maria Eduarda 
Uberaba, 05/02/13

Sem comentários:

Enviar um comentário