Terra periférica, o Arquipélago dos Açores nos
tempos iniciais do povoamento também foi local escolhido por famílias
cristãs-novas para fugir às perseguições de que eram vítimas. Segundo
pesquisa de Isaías da Rosa Pereira, em seu trabalho "Alguns açorianos na
Inquisição de Lisboa" ( O FAIAL e a periferia açoriana nos séculos XV a XIX-
Núcleo Cultural da Horta), existe um relato documentado na
Biblioteca da Ajuda ( Symicta Lusitana ) de uma pequena revolta de judeus,
na Ilha do Faial, contra os demais habitantes da Ilha que os hostilizavam.
Datado de 06 de janeiro de 1532, o episódio descreve a encenação que fizeram na
Praça da então Vila da Horta. Armaram uma tribuna onde havia uma criança, um
mascarado fingindo ser judeu e um boneco de palha . Acenderam uma fogueira e
disseram à criança que mandasse queimar aquele judeu que havia cometido pecado
contra a fé. Em seguida jogaram o boneco de palha na fogueira para ser
queimado. Por falta de documentos, não se sabe mais acerca de outros
acontecimentos.
O episódio demonstra que , claramente,
havia judeus na ilha e uma repressão psicológica sobre eles.
Acredita-se que a maioria tenha assumido a religião católica por toda
essa situação conflituosa e pelos casamentos que sucederam entre os
cristãos-novos e os velhos. Porém, percebe-se em certas família açorianas (
portuguesa), comportamentos e costumes que fazem suspeitar a
influência judaica sobre elas. Como o habito de, antigamente, se eleger o
sábado como o dia da higiene, do banho geral, de vestir
roupa lavada, de colocar velas ardendo até o final do dia; o costume de sangrar
o animal antes de prepará-lo para comê-lo, a preferência, na alimentação,
pelos peixes de escamas ( os de couro não são aceitos pelas leis
dos judeus), o atributo feminino na educação dos filhos, o
dualismo na maneira de ser, isto é, dizer ou mostrar uma coisa na aparência e
pensar ou ser outra por dentro, jurar pela alma de alguém ( rito
judaico), pagar a siza ( Sizah do hebraico ), o emprego de palavras
que fazem lembrar a história judaica, como judiar e massada ( fortaleza de
Massada onde pereceram 800 judeus). Muitos são os hábitos e costumes que
nos recordam que, em tempos passados, também tivemos a
contribuição marcante da presença judaica na formação da nação
portuguesa.
Maria Eduarda
Uberaba,
05/02/13
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