sábado, 1 de dezembro de 2012

1º de dezembro

EM 2005 ESCREVI (LER EM CHRÓNICAÇORES: UMA CIRCUM-NAVEGAÇÃO): sem imaginar que o dia ia deixar de ser feriado
2.5. 1º DE DEZEMBRO E O IBERISMO

Hoje é um dia como outro qualquer mas anda para aí muita gente com passaporte português a celeb
rar o desastre de 1 de Dezembro de 1640 como se tivesse sido um péssimo acontecimento. Seria bom não esquecer que se tratou da reconquista da liberdade dum povo e duma nação subjugada pelo poder dinástico dos Filipes de Castela. Mais vale um povo pobre e livre do que rico numa gaiola dourada com as cores do reino de Espanha. Ou pelo menos é o que contam os amigos galegos que se querem aproximar das origens portuguesas e preservar a sua língua e cultura. Por vezes, a memória dos homens é curta e assim sendo, resolve JC recordar que o jovem Miguel da Paz (nascido em 1499) teria sido Rei de Portugal e de Espanha se não morresse ao fim de dois anos. É verdade, amigos, e infelizmente este “se” é desconhecido da maioria dos atuais habitantes de Portugal, quer clamem ou não por um regresso ao trono espanhol. São deveras interessantes os “pequenos detalhes” da História, que vieram legalizar de pleno direito a sucessão de Filipe II de Espanha ao trono de Portugal em 1580, por morte sem descendência do herdeiro varão o cardeal D. Henrique com 68 anos, 9º filho do rei D. Manuel I. A candidatura de Filipe era naquela época fortíssima e praticamente indiscutível, já que resultava do casamento da filha terceira de D. Manuel I, com Carlos V (I de Espanha), pais do “nosso” Filipe I de Portugal (II de Espanha).
São estes pequenos “ses” os tais detalhes da vida que determinam o curso da História…Paradoxalmente algum tempo antes da candidatura de Filipe ao trono em Lisboa a situação poderia ter sido de certo modo invertida, unificando as coroas ibéricas “para o nosso lado”. Em 1499 fora proclamado herdeiro das coroas de Portugal e de Espanha, esse menino chamado Miguel da Paz, primeiro filho de D. Manuel I com Isabel, filha dos Reis Católicos. Azar dos portugueses ou conspiração castelhana, o certo é que morreu com apenas 2 anos de idade. Por estas e outras os portugueses serão sempre uns saudosistas: há já quem tenha saudades dos espanhóis, há quem tenha saudades do Salazar e ainda há quem tenha saudades do sonho chamado 25 de Abril.

-- Quem garante que Portugal era melhor como província espanhola do que independente?

-- Quem garante que não seria Portugal hoje uma célula independentista tipo ETA, aliada ou não à Galiza?

-- Quem garante que teria aqueles magníficos jogadores de futebol que de tantos em tantos anos agitam o país e o fazem sonhar com grandezas ancestrais perdidas na memória do tempo? Eusébio nunca teria existido…Figo não teria sido um “pesetero” e Deco não tinha necessidade de se nacionalizar, com o Brasil espanhol poderia jogar pela Argentina.

E se fosse ao contrário? Se a Espanha fosse hoje uma província de Portugal? Que aconteceria aos Bourbon? Só tinham utilidade nos EUA onde eles emborcam todos os Bourbon que podem. Infelizmente, aqui ao lado, entronam-nos e chamam-lhes Reis. São conjeturas apropriadas de ler num dia destes mas os jornais não especulam sobre estas coisas sérias, antes se comprazem em ridicularizar mais um lote de candidatos à Presidência porque um Levanta-se e Não Ri e o outro Ri mas já não se levanta! E daqui a pouco ninguém se lembrará sequer de quem eram. Passaram-se anos sobre estas palavras e JC nem sequer se recorda quem eras esses candidatos.


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