sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

ramos horta/guiné-bissau


Parlamento Timorense Felicita e Reitera Apoio a Ramos-Horta

Breves palavras
Proferidas por
Jose Ramos-Horta,
Representante Especial
do Secretario-Geral da ONU
Para a Guiné-Bissau
Na Sessão Extraordinária
Do
Parlamento Nacional
De Timor-Leste
Dili, 31 de Janeiro de 2013
Sr. Presidente do Parlamento Nacional, Dignissimos Deputados,
Muito honrado me sinto pelo vosso amável convite para comparecer nesta augusta Casa para partilhar com os distintos deputados e, através de Vossas Excelências, com a nossa sociedade, algumas breves reflexões sobre a missão de que fui incumbido por Sua Excelência Ban Ki-moon Secretario-Geral da ONU, como seu Representante Especial para a Guiné-Bissau.
Registo e agradeço a resolução adotada por esta Magna Assembleia sobre a situação no pais irmão Guiné-Bissau e igualmente pelo vosso apoio solidário.
Nao sou o primeiro Timorense a servir numa Missao da ONU. Muitos tem servido a causa da solidariedade, paz e cooperação, em nome da ONU, em muitas zonas do mundo, algumas em conflito, e em posições de liderança como sao os casos da Dra. Milena Pires, membro da CEDAW e Dra. Emília Pires, Membro do Painel de Alto Nível para o Pôs-2015, estabelecido pelo Secretario-Geral da ONU e co-presidido pelo Sr. Presidente da Indonésia, Dr. Susilo Bambang Yudhoyno.
O nosso Povo pode orgulhar-se desses nossos irmãos que tem servido as causas da paz, desde o Kosovo ao Afeganistão, Líbano, Darfur, Sudão do Sul, Congo, Libéria, Serra Leoa, Guiné-Bissau. Elementos civis e militares serviram com dignidade como UNVs ou como parte integrante das forcas de manutenção de paz da ONU.
Acabo de regressar depois de um mês de ausência preenchido com inúmeras atividades em varias cidades, em três continentes – Nova Iorque, Lisboa, Munique, Davos (World Económico Forum) e Adis Abeba – participando em atividades varias, relacionadas com as minhas novas funções ou cumprindo comprimissos assumidos anteriormente a minha nomeação para tão honrosa missão.
Estive uma semana em Nova Iorque para me familiarizar com todos os aspectos substanciais e formais da minha missão, tendo recebido excelente cooperação de todos os Departamentos.
O Sr. Secretario-Geral tem sido de grande simpatia pessoal e apoio firme. Os meus colegas seniores no sistema assim como os de outros escalões hierárquicos foram igualmente calorosos e solidários.
Em NY estive reunido com a Sra. Hellen Clark, Administradora da PNUD, e com membros do Conselho de Segurança, da Comissão Economica para o Desenvolvimento da África Ocidental (CEDAO), Peace Building Commission e nossos irmaos da CPLP acreditados juntos a ONU.
Em Lisboa reuni com o Sr. Embaixador Isaac Murarji, Sec. Exec., diplomata muito experiente e grande amigo de Timor-Leste, e diplomatas dos oito países membros da CPLP.
Sr. Presidente, Srs. Deputados, nao vou fazer aqui uma analise exaustiva e o diagnostico das raízes e causas da situação delicada que continua a prevalecer na Guiné-Bissau.
O relatório do Sr. Secretario-Geral apresentado ao CdS em Dezembro passado relata com rigor a situação prevalecente naquele pais irmão.
As Resoluções do CdS refletem a preocupação com que a comunidade internacional encara a situação na Guine-Bissau.
Muitos outros relatórios como o do International Crisis Group (ICG) oferecem igualmente uma visão clara, detalhada, do problema.
Em resumo, a situação que prevalece na GB há mais de uma década pode caraterizar-se por:
1. Grande fragilidade do Estado;
2. Extrema pobreza, com indicadores sociais extremamente baixos;
3. Instabilidade política persistente;
4. Fragilidades e fissuras no Exercito;
5. Intervenção frequente de militares na vida política nacional;
6. Penetração dos cartéis de droga Sul-Americanos na Guiné-Bissau e em muitos outros paises da região, exacerbando as dificuldades naqueles países, criando novos focos de crime, tensões e perigos.
Integrei a delegação do Sr. Secretario-Geral na Cimeira da União Africana a qual decorreu na capital etíope.
Na Cimeira de Adis Abeba tive a oportunidade de encetar dialogo com alguns dirigentes africanos diretamente interessados e envolvidos no apoio a paz e desenvolvimento da Guiné-Bissau, orientando-me sempre pelas recomendações do Secretario-Geral e do CdS no sentido de criarem-se pontes de dialogo e consenso entre todos os intervenientes internacionais para se chegar a uma estratégia comum.
O Representante Especial da Uniao Africana na Guine-Bissau, o Emb Ovideo Pequeno, ex-Ministro de Negocios de São Tomé e Principe, respeitado e experiente diplomata, elucidou-me com muita eloquencia sobre a complexidade do problema e assegurando-me todo o seu apoio.
Sr. Presidente, Digníssimos Deputados,
Nos meses precedendo a minha nomeação para este alto cargo, desde o final do meu mandato presidencial em 19 de Maio de 2912, realizei inúmeras viagens internacionais, proferindo palestras em prestigiadas Universidades, Instituições publicas e privadas, nomeadamente, nos EUA, Alemanha, Bangladesh, Indonesia, Japão, Austrália, etc.
Algumas palestras versavam sobre os grandes temas de atualidade na Ásia, os desafios de paz e segurança, de desenvolvimento e prosperidade nesta grande região do mundo, onde vive metade da população mundial.
Mas sempre atento a esta nossa Terra Sagrada, também fiz marketing político do nosso pais, partilhando com milhares de ouvintes em vários continentes, as boas novas de paz, segurança e estabilidade, dos sucessos e dos muitos desafios; da parceria solidaria com a ONU, suas Agencias, Programas e Fundos, e outros parceiros multi-laterais como o Banco Mundial, o Asian Development Bank, a Comissão Europeia e os nossos muitos parceiros bi-laterais.
Como nao podia deixar de o fazer, salientei a excelente e frutuosa parceria com a UNMIT, sucesso assinalado pelo fim da Missao em Dezembro de 2012 e fim da presença no nosso solo da ISF.
Aceitei, nao sem alguma hesitação, o convite que me foi dirigido pelo Sr. Secretario-Geral da ONU pois em Setembro do ano passado, numa reunião realizada em Bangcoque, um grupo de ex-Chefes de Estado, de Governo e Ministros de Negócios Estrangeiros da Ásia, decidimos lançar uma organização nao-estatal, intitulada Conselho Asiático para a Paz e Reconciliação, (APRC) vocacionada para a facilitação do dialogo e mediação, na busca de solução para os muitos conflitos que afetam a nossa grande região.
Senti-me muito honrado em fazer parte deste grupo de estadistas e personalidades de grande experiencia e prestigio, adquiridos ao longo de décadas ao serviço dos seus respetivos países e pela paz e cooperação na Ásia e no Mundo.
Continuarei ligado ao grupo e colaborarei na medida do possível.
Apelo a Sua Excelência Sr. Primeiro Ministro e aos senhores deputados que apoiem o APRC para que Timor-Leste possa aumentar a sua visibilidade e relevância na Ásia e cimentando assim as nossas credenciais como potencial membro ativo da ASEAN.
Como dizia, por estas razoes referidas, hesitei em aceitar o convite formulado pelo Sr. Secretario-Geral. Informados da importância e natureza da missão de que fui incumbido pelo SG da ONU os meus colegas na APRC endereçaram-me mensagens de felicitações, encorajamento e apoio.
Mas as nossas ligações históricas e envidamento moral para com a Guiné-Bissau e outros países expressão oficial Portuguesa (CPLP), baluarte diplomatico nas primeiras duas decadas da nossa luta, cimentadas em valores comuns de solidariedade entre os povos, prevaleceram sobre outras considerações.
Os Srs. Presidente da Republica, Presidente do Parlamento Nacional e Primeiro Ministro encorajaram-me a aceitar este novo desafio, como uma modesta contribuição aos irmãos da Guiné-Bissau, da CPLP, África e a ONU.
Sua Excelência o Secretario-Geral da ONU confiou em mim a nobre e extremamente complexa missão de ajudar a classe política e militar Bissau-Guineenses, estalecendo pontes de dialogo, criando parcerias e consensos a nível nacional e regional, com vista a restabelecer-se naquele pais irmão, a Ordem Constitucional, a paz e estabilidade.
Tudo farei para bem servir os irmãos Bissau-Guineenses, na sua luta pela paz e liberdade; honrar o bom nome do Secretario-Geral da ONU que confiou em mim esta honrosa e complexa missão e honrar o bom nome do nosso Povo.
Excelencias, deixo a nossa Terra Sagrada entregue em boas mãos, mãos experientes, calejadas pela luta e sofrimento.
Sempre procurando apoiar-se em vos, Digníssimos Irmãos Deputados eleitos do Povo, e beneficiando de vossa sabedoria, tenho a certeza que os nossos dois Irmãos mais velhos, Presidente Taur Matan Ruak e Primeiro Ministro Xanana, continuarão a conduzir o nosso povo nos caminhos da paz e harmonia, da lei, ordem e justiça, do desenvolvimento real e sustentável.
Eu tenho a certeza que os nossos dois irmãos, artífices da nossa libertação, saberão continuar a política de unidade nacional, reconciliação, inclusão e tolerância, abraçando todos, fazendo todos sentir que fazem parte deste nobre empreendimento de construção de um Pais livre, um Estado social e justo.
Como sempre, onde quer que eu esteja, pedirei nas minhas preces a Deus Nosso Senhor, o Todo Poderoso e o Todo Bondoso, que continue a olhar pelo nosso povo amado e a iluminar os governantes e senhores deputados para continuarem a bem servir o Povo.
FIM


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